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Afogamento: praia não tinha avisos

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Praia do Tonel não é vigiada desde o fim da época balnear, mas no local não há informações, nem alertas sobre as fortes correntes marítimas. Nadador-salvador queixa-se da «inércia das autoridades», mas diz que os turistas foram «irresponsáveis» e «ingénuos» e que se não tivessem entrado em pânico poderiam ter sobrevivido

A praia do Tonel, onde segunda-feira morreram afogados quatro turistas, não tem qualquer cartaz a dizer claramente e em vários idiomas que está sem vigia, nem avisos de que o mar é perigoso, constatou a Lusa no local.

À entrada do areal do Tonel, constatou a agência Lusa, existe uma placa em português com algumas proibições e onde se lê por exemplo: «proibida a entrada de cães» ou «proibido fazer campismo e lume».

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Já em pleno areal existe um outro cartaz, da responsabilidade do Instituto de Socorros a Náufragos (ISN), em quatro idiomas - alemão, português, inglês e francês - a indicar regras gerais e recomendações.

O ISN informa por exemplo que o banhista não ir para a água antes da digestão, deve respeitar os sinais das bandeiras e explica o significado da cor das bandeiras.

No cartaz do ISN lê-se também que em caso de acidente, e se a praia estiver vigiada, deve alertar-se o nadador salvador. Caso não esteja vigiada deve contactar-se o número de telefone 112.

Em nenhum dos cartazes existentes na praia são especificadas as épocas do ano em que a praia está vigiada ou não nem há explicações a alertar para os perigos específicos das praias da zona, nomeadamente a existência de fortes correntes marítimas.

Vítimas de irresponsabilidade própria e «inércia» das autoridades

Um nadador-salvador em Sagres considerou que os quatro turistas foram vítimas da irresponsabilidade própria mas também da inércia das autoridades, que deveriam colocar avisos em vários idiomas nas praias perigosas.

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O acidente ocorreu na tarde de segunda-feira numa praia de Sagres muito procurada por surfistas, não vigiada desde o final da época balnear, a 30 de Setembro.

Quatro adultos morreram quando tentavam retirar da água três crianças, apanhadas nas correntes marítimas do local.

«A tragédia aconteceu devido à irresponsabilidade deles [dos turistas] e ingenuidade, mas também devia haver placas a avisar que a época balnear terminou em Setembro, em várias línguas», defendeu hoje Daniel Salvaterra, nadador-salvador e monitor de uma escola de windsurf em Sagres.

O windsurfista, que saiu da praia pouco antes do acidentes trágico, teceu duras críticas ao parque Natural da Costa Vicentina, por apenas colocar nas praias informação sobre a fauna e flora locais e esquecendo-se de avisar que a zona é «super perigosa».

«A costa vicentina não tem nada a ver com o resto do Algarve, está completamente exposta ao mar e os fundos sempre em mudança», afirmou o nadador-salvador, explicando que o mar pode estar calmo, mas de repente surgir uma onda de dois metros.

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A zona onde se deu o acidente, junto a uma rocha, é particularmente perigosa, explica Daniel Salvaterra, pois à medida que o mar ali vai depositando areia, forma-se uma corrente mais forte do que o normal.

Segundo o nadador salvador, se os turistas não tivessem entrado em pânico e nadado contra a corrente, provavelmente teriam sido devolvidos à costa pelo mar e não se teriam afogado.

«Eles foram irresponsáveis, mas parece que ainda vai ter de morrer muita gente até se fazer qualquer coisa», lamentou Daniel Salvaterra, defendendo que a época balnear devia ser prolongada até Dezembro.

O nadador salvador considera ainda que os turistas deviam receber informação sobre as praias do Algarve logo à chegada à região e que as zonas baleares deviam ter mais informação, mais regras e áreas bem delimitadas para banhistas, surfistas, entre outras.

Um funcionário do apoio de praia do Tonel, que preferiu não se identificar, disse à Lusa que desde que ali trabalha, há oito anos, nunca viu morrer ninguém e que no dia do acidente o mar até estava calmo.

«Dois turistas que estavam na praia, um deles cardiologista ainda tentaram reanimá-los, mas já não havia nada a fazer», relatou o funcionário.

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