O ex-ministro da Saúde Correia de Campos defende que os partos realizados no Hospital São Francisco de Xavier sejam transferidos para a Maternidade Alfredo da Costa, libertando as instalações daquela unidade de saúde no Restelo para outras especialidades.
De acordo com a Lusa, Correia de Campos falava aos jornalistas no final da sua última lição como docente, a propósito do polémico anúncio, feito pelo Governo, do encerramento da Maternidade Alfredo da Costa (MAC).
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O ex-ministro manifesta-se frontalmente contra o encerramento da MAC, defendendo antes o modelo de integração desta unidade materno-infantil num hospital central.
«A MAC é um modelo de alta qualidade mas insustentável no futuro. A integração em hospital central é lógica e evidente, não o fecho. Todo aquele edifício deve ser integrado no Hospital de Todos os Santos. Até lá a MAC deve ficar onde está», afirmou.
Para Correia de Campos, aquele é o «melhor» serviço e o «mais rodado», no que respeita à saúde da mãe e da criança.
Um dos argumentos usados pelo Governo para o fecho da MAC é a rentabilização dos serviços de maternidade existentes noutras unidades hospitalares, nomeadamente o S. Francisco Xavier, que tem uma ocupação de 50 por cento.
Correia de Campos inverte o problema e aponta outra solução: «Reconverter as instalações ótimas do S. Francisco Xavier para outras áreas», como a oncologia.
«Deve-se reconverter os serviços e canalizar os partos para a boa e sólida maternidade, com um registo de qualidade absolutamente notável. Deve-se prosseguir essa linha até à construção do Hospital de Todos Santos», defendeu.
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O executivo argumenta também com a quebra no número de partos que prevê vir a acontecer na MAC, na sequência da abertura do novo Hospital de Loures.
Para Correia de Campos «não é líquido que assim seja», uma vez que a liberalização da procura permite que qualquer mãe possa escolher a maternidade onde prefere ter o seu filho e onde sente que é mais bem tratada.
O ex-ministro lembra ainda, para sustentar a sua opinião, que o serviço de saúde privado «se está a sentir» com a crise e que, provavelmente, a franja de 35 por cento de partos realizados no privado vai regressar ao setor público.
Como ponto de princípio, Correia de Campos considera que o hospital (na zona oriental de Lisboa) é construível dentro de cinco ou seis anos.
«Não falta dinheiro. O Governo português tem que encontrar meios, tem que saber que o encargo de seis ou sete hospitais será superior a um novo e tem que aproveitar os fundos comunitários e não desperdiça-los, deitá-los fora, como fez com a Parque Escolar», afirmou.
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Para este responsável, «há argumentos para nos batermos em Bruxelas por um serviço de maternidade de qualidade e não devemos partir para guerras com a MAC».
Questionado sobre os encargos de fazer obras no edifício da MAC, Correia de Campos respondeu que «ninguém propõe um novo edifício, apenas manter, melhorar e depois transferir para o novo hospital».
Embora sublinhe que «nem todos os exercícios de planeamento tenham sido bem feitos», Correia de Campos não tem dúvidas de que se «justificava» a construção da maternidade do Hospital de Loures, até porque vai «drenar as grávidas de Mafra».
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