O primeiro colóquio português sobre a «Sexualidade no Mundo Antigo», organizado pelo Centro de História da Universidade de Lisboa, vai realizar-se nos próximos três dias, e vai resultar na edição de um livro sobre o tema.
Apesar de o tema não ser novo no domínio da ciência historiográfica, disse à Lusa um elemento da organização, Nuno Simões Rodrigues, «é a primeira discussão científica portuguesa desta dimensão, sobre a sexualidade no Mundo Antigo».
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«Queremos mostrar que já temos recursos humanos portugueses nesta área», acrescentou. Segundo o organizador, «o colóquio surgiu como pretexto para a futura edição de um livro inédito de estudiosos portugueses sobre este tema, que irá reunir os textos realizados pelos professores intervenientes».
Os oradores, professores da área da História Antiga de universidades de todo o país, vão fazer uma curta incursão na Pré-História para depois passar para o Mundo Antigo, com destaque para o Mundo Greco-Romano, até às origens do Cristianismo.
«São sobretudo estudos da relação sexualidade/religião, sexualidade/arte», explica o professor Nuno Rodrigues, relevando os temas mais polémicos como a literatura erótica, a prostituição sagrada e a homossexualidade, «assunto que até ao século XIX, era alvo de discussão exclusivamente académica. Agora não há tabu entre os historiadores, mas foi mal visto durante muito tempo»
A homossexualidade no Mundo Antigo é um «debate muito conhecido no contexto da cultura grega. Apesar de não haver argumentos evidentes, temos alguns indícios na cerâmica, no discurso dos oradores áticos, nos textos de Platão ou mesmo na Ilíada de Homero», comentou.
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Por outro lado, o sexólogo Júlio Machado Vaz explicou à agência Lusa que, em relação à sexualidade no Mundo Antigo, o que o «apaixona» é o facto de «os parâmetros serem diferentes»
«Hoje rotulamos pessoas atribuindo uma identidade sexual, baseando-nos no comportamento sexual. Os romanos nunca rotulariam alguém, baseados nisso. Baseavam-se no comportamento de alguém na área sexual - se era activo ou passivo«, explicou.
Referindo-se exclusivamente à homossexualidade, o professor acrescentou: «A relação homossexual dos dias de hoje não é a mesma da de o Mundo Antigo. Os contextos culturais são distintos, daí não poder dizer-se que a Grécia Antiga era o paraíso da homossexualidade».
«Estamos na idade da tolerância, mas ainda não chegámos à da aceitação», sublinhou.
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