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Seropositivas ensinam seropositivas a enfrentar o estigma

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Programa para capacitar mulheres com VIH a serem fortes arranca nos hospitais do país

Um programa para capacitar as mulheres a serem fortes e a lidar com o estigma do VIH é esta segunda-feira em Lisboa por profissionais de saúde e seropositivas. O programa vai ser aplicado em hospitais de todo o país.

O programa «SHE» - Strong, HIV Positive, Empowered Women ¿ é o primeiro programa europeu de apoio entre pares dirigido a mulheres com VIH, de acordo com a Lusa. O objetivo é ajudá-las a responder questões como «qual a melhor altura para revelar a um companheiro que é seropositiva», «como assumir este problema» ou «como e quando contar aos filhos».

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A nível nacional, a coordenadora do projeto SHE é Teresa Branco, médica internista especialista em virologia do Hospital Fernando da Fonseca, um dos dois hospitais de Lisboa onde o programa vai arrancar.

O outro é a Maternidade Alfredo da Costa juntando-se a estes, noutros pontos do país, o Hospital de Cascais, o Centro Hospitalar de Cova da Beira, o Hospital de Portimão e o Hospital de São João, no Porto.

O programa é europeu e foi adaptado para a realidade nacional pela Associação SERES, uma associação de doentes. Baseia-se num modelo de apoio entre pares, que cria um ambiente que permite às mulheres sentirem-se capacitadas e assumirem o controlo.

Isabel Nunes, presidente e fundadora da SERES, explicou à Lusa que o programa consiste numa formação que é dada pelas mulheres seropositivas, previamente selecionadas nos hospitais ¿ as «facilitadoras» ¿, a outras doentes, com o objetivo de tornar as mulheres mais fortes e consciencializadas.

Entre os critérios exigidos às facilitadoras estão terem VIH há mais de dois anos, serem mulheres abertas, que assumem abertamente a doença e que, simultaneamente, sejam «um exemplo» para os outros.

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A ideia é influenciar positivamente as outras mulheres, que facilmente se vão abaixo, em grande parte devido ao peso do papel social e familiar que desempenham, e que faz delas vítimas fáceis do estigma.

É também esse papel da mulher que, no entanto, deve servir de mote para a viragem positiva, explicou Ophelia Orum, embaixadora da Suécia para o VIH/Sida e membro do «think-tank» da União Europeia para o tema.

«Uma mulher seropositiva é uma mulher, não é um VIH. É mulher com todas as suas características e qualidades. Pode ser uma profissional e mãe, que gere a sua vida, o emprego, trata da família e dos filhos», disse, sublinhando que há que aceitar a doença, mas não deixá-la tomar controlo da vida.

Ophelia Orum parte da sua experiência para explicar a dificuldade de assumir perante os outros que se é VIH positivo, e conta que inicialmente sentia necessidade de justificar imediatamente o porquê: «Não sou toxicodependente, nem sou prostituta, nem sou promíscua - apenas tive sexo sem preservativo».

Ophelia Orum tem 45 anos, tem dois filhos e tem VIH há 21 anos. Na altura em que foi diagnosticada deram-lhe apenas dois anos de vida. Hoje garante que assume o VIH sem sentir necessidade de explicar logo a seguir como o contraiu, porque «ninguém tem nada a ver com isso» e ela é aquilo que é, e não o vírus que transporta.

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