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Casa Pia: o ataque dos clones

REPORTAGEM: Toda a história do «sósia» de Carlos Cruz e de outro - que nunca foi conhecido

O ruído em torno do chamado processo de pedofilia da Casa Pia levou à criação de dois «sósias» que eventualmente seriam parecidos com arguidos do processo. Além do caso de Mário Ruivo, ex-funcionário da RTP, o PortugalDiário sabe que outro «sósia» foi «descoberto», se bem que este não tenha chegado a ser do conhecimento público.

No caso de Mário Ruivo, um ano após os acontecimentos que levaram a uma troca de palavras entre a directora de «O Independente», Inês Serra Lopes, e a amiga de Carlos Silvino («Bibi»), Ana Paula Valente, é possível reconstituir o caso, sendo que essa análise deixa ainda mais dúvidas.

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A história do «sósia» foi conhecida no «Jornal da Noite» da SIC, a 13 de Fevereiro de 2003. Em directo, Inês Serra Lopes e Ana Paula Valente trocaram acusações. Nesse dia, Mário Ruivo, passou a ser conhecido como «o sósia» de Carlos Cruz. Só que, uma semana antes, a amiga de Carlos Silvino e o próprio já tinham sido «informados» da existência de alguém que seria «muito parecido» com Carlos Cruz.

Tudo começou, então, na terça-feira, 4 de Fevereiro de 2003, dia de visitas no Estabelecimento Prisional da Polícia Judiciária. Ana Paula Valente e «Bibi» conversam quando são interpelados por outro recluso, que Carlos Silvino sabia ser apenas o «senhor João do bar». Em seguida, este terá entregue um papel a Ana Paula onde estava escrito o nome de Mário Ruivo, juntamente com outras informações sobre o mesmo. O recluso terá dito que aquele senhor sempre se tinha feito passar pelo apresentador de televisão e que até tinha trabalhado na RTP. Mais tarde, Ana Paula Valente, através de fotografias dos jornais, identificaria o tal recluso: João Braga Gonçalves, detido no EPPJ, no âmbito do processo da Universidade Moderna.

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Sexta-feira, dia 7 de Fevereiro, depois de uma visita a Carlos Silvino, Ana Paula Valente foi ao DIAP e aí terá dado conta às duas procuradoras do processo, Cristina Faleiro e Paula Soares, da conversa que teve com Carlos Silvino e da informação adiantada pelo «senhor João do bar».

O PortugalDiário sabe que nesse mesmo dia, à noite, Mário Ruivo foi transportado de sua casa até à Polícia Judiciária para prestar declarações. Ou seja, uma semana antes do episódio ser conhecido publicamente, o caso já tinha chegado ao conhecimento do Ministério Público (MP).

Aliás, o episódio do «sósia» de Carlos Cruz ficou registado nos autos, como comprova o primeiro acórdão do Tribunal da Relação de Lisboa (TRL) sobre o processo, lavrado pelo desembargador Trigo Mesquita. «Note-se a criação de um falso sósia do arguido "inventado" por fontes próximas das defesa - fls. 1369 a 1371 e informação da fls. 1368 - da qual se retira que foram apresentadas na Polícia Judiciária fotografias do presumível sósia, por Ana Paula Marques Pereira da Costa Valente, por lhe terem sido entregues por Inês Serra Lopes». Ao que o PortugalDiário apurou, Carlos Silvino também terá ido ao Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) para prestar declarações sobre o caso.

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A 13 de Fevereiro o «sósia» de Carlos Cruz é conhecido. Contactada pelo PortugalDiário, Ana Paula Valente não quis comentar o assunto porque, disse, «está sob investigação». No entanto, reconhece que há um facto que ainda não percebeu: «Por que me escolheram a mim para denunciar um sósia que afinal não era?»

Quadro governamental arrolado como «sósia»

As criações de «sósias» alargaram-se em finais de 2003. Em causa estaria uma alegada semelhança entre um arguido com um quadro governamental, o que poderia ter confundido as testemunhas. Comparadas as fotografias, não há semelhanças a registar.

O PortugalDiário apurou que, este segundo «sósia» fez questão de entregar no MP fotografias sobre várias etapas da sua vida para que fossem mostradas às testemunhas.

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