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Bairros perigosos deviam ter «polícias da cidade»

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Muitas vezes são agentes do Norte do país que patrulham os bairros problemáticos da capital

A «deslocação» de polícias das suas terras para as grandes cidades é um dos problemas que a Polícia de Segurança Pública enfrenta nos dias de hoje. É também um factor desmotivante para as forças de segurança e por vezes condicionante da actividade policial, nomeadamente, quando são estes polícias que fazem patrulhas em bairros perigosos.

Estas são algumas das temáticas abordadas no livro da antropóloga, Susana Durão, «Patrulha e Proximidade - Uma Etnografia da Polícia em Lisboa», apresentado esta quinta-feira, em Lisboa, e que contou com a presença do ministro da Administração Interna, Rui Pereira, e com o director Nacional da PSP, Orlando Pereira.

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Polícias sem medo

«A experiência de deslocação dos agentes de segurança é talvez maior do que em qualquer outra profissão em Portugal», declarou a autora do prefácio da obra, Manuela Ivone Cunha, da Universidade do Minho. Já a autora, Susana Durão, salientou o «ambiente estranho» com que os agentes, «na maioria do Norte e interior do país», se deparam ao chegar às cidades.

A autora acompanhou vários turnos e patrulhas de agentes e realça que nunca sentiu que os agentes tivessem medo ao entrar em bairros perigosos, no entanto, havia, «por vezes, estranheza ao patrulhar bairros desconhecidos e de ambiente urbano». Susana Durão sugere mesmo que as hierarquias policiais deveriam «mandar para os bairros polícias que os conheçam bem».

Salários não são o mais importante

Outra realidade detectada pela autora é a dificuldade de comunicação entre agentes e chefias. «Há questões a trabalhar no campo da comunicação». Por outro lado, a antropóloga destaca a «capacidade reflexiva» de muitos agentes com quem contactou, nomeadamente, dando sugestões válidas sobre a estrutura organizativa da PSP. Questões que muitas vezes são mais importantes do que as de ordem salarial.

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«Nem sempre são as questões salariais que mais são salientadas. É uma questão importante porque se tem duas casas para sustentar e uma família longe», explica, realçando que não progressão nas carreiras é igualmente desmotivante.

O ministro da Administração Interna, presente no lançamento, começou por referir que ainda não leu a obra, mas «vai ler». «Este livro pode ajudar a polícia a olhar para si própria e também me ajuda a mim como ministro a melhor dirigir».

Rui Pereira destacou ainda que muitas vezes «esquecemo-nos que há seres humanos atrás dos polícias. Os polícias usam a força em nome do Estado e aí é necessário que percam a identidade, mas atrás de um polícia há um cidadão».

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