O ministro dos Assuntos Parlamentares, que tutela a Comunicação Social, garantiu esta quinta-feira que o Governo não teve qualquer interferência nas negociações que levaram à atribuição da transmissão dos jogos de futebol da Liga Sagres à RTP, refere a agência Lusa.
O ministro Augusto Santos Silva sublinhou que a decisão de concorrer à transmissão dos jogos da Liga Sagres «cabe à RTP», que só tem de acautelar «o orçamento aprovado pela tutela».
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«Quem quer que diga que o Governo teve uma intervenção directa ou indirecta está a dizer uma falsidade», defendeu, reagindo às acusações do director-geral da TVI, que classificou a RTP de «braço armado do Governo».
Num artigo de opinião publicado esta quinta-feira na imprensa, José Eduardo Moniz acusou a RTP de ser «um braço armado [do Governo] numa estratégia para debilitar» os grupos privados de televisão e afirmou-se «cheio de curiosidade para perceber até que ponto vai o conceito de serviço público de televisão que a administração da RTP e o Governo partilham».
«RTP é o braço armado do Governo»
Apesar de sublinhar que «o Governo não tem que comentar artigos de opinião do director-geral da TVI, até porque [este] se exprime a título pessoal», Santos Silva adiantou «registar que o responsável número 1 pela informação de uma televisão que deve ser isenta e rigorosa, faz este tipo de observações».
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O ministro dos Assuntos Parlamentares reagiu ainda às afirmações do administrador da Media Capital - grupo detentor da TVI - Miguel Gil, que admitiu esta quinta-feira recorrer «perante as instâncias portuguesas e europeias» da vitória da RTP no concurso.
«Os processos de aquisição de direitos são processos indeterminados à partida. Quem participa sabe que umas vezes ganha e outras vezes perde», defendeu Santos Silva.
«discussão sobre o futebol na programação da RTP não faz sentido
Questionado sobre o peso financeiro da compra dos direitos de transmissão dos jogos da Liga Sagres nas contas da RTP, Santos Silva sublinhou que a estação «tem tido resultados operacionais positivos desde 2005» e «sempre teve eventos desportivos» na grelha.
No entanto, o presidente da estação publicou em Março, numa revista interna da empresa, um artigo no qual defende que «a discussão sobre o futebol na programação da RTP não faz sentido».
Segundo Guilherme Costa, presidente da estação pública, «o futebol tem lugar e é desejável numa estação de serviço público», até porque o conceito de serviço público deve integrar uma grelha que «preencha os objectivos de qualidade, de diversidade de conteúdos e de audiências».
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