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Tráfico de Seres Humanos: 100 vítimas oficiais, mas devem ser muito mais

Inquérito sobre tráfico de seres humanos realizado em Portugal revela que 7 por cento dos inquiridos admite já ter tido contacto directo com vítimas

Mais de 100 pessoas foram vítimas de tráfico de seres humanos em Portugal em 2009, de acordo com o Observatório de Tráfico de Seres Humanos. Estes dados são os oficiais, mas as conclusões preliminares de um inquérito à população portuguesa indicam que os números devem ser bem mais elevados.

O inquérito, realizado pelo Instituto de Estudos Estratégicos e Internacionais (IEEI) e divulgado esta quinta-feira em Faro, no Algarve, refere que das 1017 entrevistas presenciais, 7 por cento dos inquiridos admitiram já ter tido contacto directo com vítima de tráfico humano.

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«Do ponto de vista de investigação, é extremamente interessante ter sido referenciado 7 por cento de pessoas a admitirem contacto directo com as vítimas», afirmou à agência Lusa Cláudia Pedra, uma das responsáveis pelo estudo.

«Este valor estatístico pode parecer um valor baixo, mas a nível de investigação sobre o tráfico é um valor elevadíssimo, porque fazendo uma extrapolação para a população geral indica um valor avultadíssimo e indica que os valores oficiais poderão não estar correctos», explica a investigadora.

Os números oficias ¿ mais de 100 casos ¿ têm como base as vítimas apanhadas pelas autoridades, mas que existem muitas mais.

«Há uma série de vítimas do crime de tráfico de seres humanos que são classificadas como imigrantes ilegais ou que ficam referenciadas por outros crimes e acabam por nunca ser referenciadas como vítimas de crime de tráfico», explica Cláudia Pedra.

Dos 7 por cento dos inquiridos que admitiram ter tido contacto directo com uma vítima daquele crime, «80 por cento não fez qualquer acção, não falou com as autoridades, não fez nenhuma queixa ou comunicação para ajudar essa pessoa». A maioria são jovens ou entre a faixa etária entre os 30 e 40 anos, frisa a investigadora, que se manifesta preocupada com a «passividade» da população.

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Outra das conclusões deste inquérito é que 93 por cento tem «consciência do que é o tráfico de seres humanos e que a grande maioria das pessoas ligadas ao TSH é vítima de exploração sexual, é mulher e de nacionalidade brasileira».

O inquérito revela ainda que 73 por cento dos inquiridos diz que os seres humanos alvo de tráfico são mulheres, 19 por cento diz que são crianças e apenas 7 por cento indica que as vítimas são homens.

Em relação aos fins do tráfico, 87 por cento dos inquiridos indicam que é para a prostituição, 36 por cento refere a construção civil e 6 por cento para a restauração.

O estudo informa ainda que 84 por cento dos entrevistados desconhece a lei portuguesa de combate ao TSH.

O inquérito foi realizado a portugueses a viver de norte a sul do país, com idades entre 15 e 75 anos.

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