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Tua: «Alguém tem de ser responsabilizado»

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A mulher de uma das vítimas mortais do primeiro acidente na linha do Tua tenta, quase dois anos depois, em Tribunal que alguém seja responsabilizado pela queda da carruagem que provocou três mortos e dois feridos graves, escreve a Lusa.

Carla Rodrigues lamenta estar sozinha nesta batalha e que nenhum outro familiar ou vítima tenham decidido avançar judicialmente.

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«Se fossemos em conjunto teríamos mais força», disse à Lusa, confessando que também ela tem alguma «descrença» na Justiça mas não se conforme com a decisão do Ministério Público de arquivar o processo.

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Quando soube que não tinham sido encontrados indícios para acusar alguém de homicídio por negligência ou ofensa à integridade física pediu a abertura de instrução do processo para acrescentar novos dados, que lhe foi denegada.

Recorreu então para o Tribunal da Relação do Porto que ainda não se pronunciou. Carla Rodrigues perdeu o marido José Fonseca, no mais grave acidente de sempre na linha do Tua, o de 12 de Fevereiro de 2007, um mês antes de José completar 32 anos. Carla é um ano mais nova e ficou com uma filha de 2 anos.

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Foram indemnizadas «pelos seguros» em forma de pensões, vitalícia para a mãe e até atingir a maioridade ou terminar os estudos para a filha. Carla ainda não pensou na indemnização que poderá pedir se o processo judicial avançar. «Nunca vão repor a vida mas alguém tem que ser responsabilizado», afirmou.

José era de uma freguesia de Lamego e trabalhava há 12 anos na CP. Era ferroviário como o pai, que tinha falecido um ano antes.

Não gostava da linha do Tua

Segundo Carla Rodrigues, já tinha trabalhado noutras linhas, nomeadamente na do Douro e Minho, «e não gostava nada de ir para aquela linha ( a do Tua)».

«Achava-a insegura, estava sempre a fazer queixas, chegaram eles próprios (os funcionários) a tirarem pedras do caminho para desobstruir a linha para poderem passar», contou.

A 12 de Fevereiro de 2007, José era o revisor do comboio nº6205, que partiu da estação do Tua às 18:15, com um total de cinco pessoas a bordo.

Dez minutos depois, a carruagem descarrilou, caindo por uma ravina de 60 metros até ao Rio Tua. O revisor, o maquinista e outro funcionário da CP, que viajavam com o passageiro, morreram e dois jovens passageiros ficaram feridos.

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Inspecção insuficiente

Os inquéritos realizados atribuem o acidente a um desprendimento de pedras da encosta, que teve início a mais de 37 metros da via, em zona já não incluída no domínio público ferroviário.

Apesar do local não se encontrar sob a alçada da proprietária da linha, a Refer, o Ministério Público de Carrazeda de Ansiães, considerou «manifestamente insuficiente» a inspecção de segurança que se fazia à linha, apenas um vez por semana.

«Não há dúvidas de que este órgão de gestão (Refer) não cumpriu os deveres que se lhe impunham», refere.

O Ministério Público entendeu, no entanto que «o lapso de tempo que decorreu entre o início do desprendimento e a passagem da composição foi de tal forma diminuto que qualquer sistema de detecção de objectos que se tivesse instalado não evitaria a produção do sinistro».

«Existindo tal dúvida não é possível a imputação objectiva dos resultados verificados à omissão de qualquer acção», concluiu. Perante isto, decidiu arquivar o inquérito, em Janeiro, concluindo não haver matéria para deduzir qualquer acusação por crimes de homicídio por negligência e de ofensas à integridade física.

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