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Camarate: José Esteves confirma que alvo era Adelino Amaro da Costa

Antigo segurança faz comunicado na véspera em que vai ser ouvido à porta fechada no Parlamento

O antigo segurança José Esteves afirma, num depoimento enviado à X Comissão de inquérito sobre a tragédia de Camarate, ter sido previamente informado que o alvo do atentado seria o então ministro da Defesa Adelino Amaro da Costa.

«No final de novembro, talvez a 29 ou a 30, FFS (Fernando Farinha Simões) refere-me que o alvo desta operação é o engenheiro Amaro da Costa», escreveu José Esteves, no depoimento que enviou aos deputados da X comissão de inquérito e que divulgou à comunicação social.

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José Esteves, que vai ser ouvido na comissão quinta-feira à porta fechada, afirma que «cerca do dia 1 de dezembro de 1980», acompanha Fernando Farinha Simões a uma reunião em que participam também Carlos Miranda e Sinan Lee Rodrigues. «Farinha Simões refere que a operação será para realizar dentro de poucos dias e que o alvo é Adelino Amaro da Costa. Afirmo então que o engenho que me pediram para preparar já está pronto», escreveu, citado pela agência Lusa.

Em setembro, Farinha Simões ter-lhe-á dito que «a operação era necessária pois havia pessoas na AD [Aliança Democrática] que estavam a criar problemas no transporte de armas».

Numa entrevista à revista Focus, em 2006, José Esteves reclamara a autoria da bomba que disse ter provocado a queda do avião mas, quanto ao alvo, afirmou apenas que o plano era pregar «um susto» ao general Soares Carneiro, candidato presidencial pela Aliança Democrática, que encerrava a campanha nessa noite.

No depoimento, o antigo segurança do CDS revela ainda que se deslocou à sede do partido, em Lisboa, no dia «1 ou 2 de dezembro», e que disse ao então presidente democrata-cristão Francisco Lucas Pires que haveria «um atentado nos próximos dias contra Adelino Amaro da Costa num dos transportes de avião que irá realizar». «Fico contudo com a impressão de que Lucas Pires não me presta atenção», disse.

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José Esteves afirmou que entregou um saco que continha o engenho que fabricou e um «explosivo à parte» que alegadamente lhe tinha sido «enviado por Canto e Castro».

Na entrevista à revista Focus, ao jornalista Frederico Duarte Carvalho, José Esteves tinha dito no entanto que tinha entregue o engenho incendiário «na Rua Augusta, numa loja».

José Esteves refere ainda a convicção de que não foi o engenho que fabricou que provocou a queda do avião: «Se o meu engenho tivesse deflagrado, os ocupantes do avião não teriam morrido, pois o incêndio teria sido pequeno e teria dado tempo às pessoas para saírem do avião». No seu depoimento, José Esteves afirma que foi o norte-americano que aponta como agente da CIA, Frank Sturgis, que acionou «o controlo remoto» que terá provocado o rebentamento do engenho explosivo e a queda do avião.

O mesmo Frank Sturgis que, refere, ter-lhe-á pago 200 mil dólares para fabricar a bomba.

A explosão da aeronave Cessna, num bairro da freguesia de Camarate, a 4 de Dezembro de 1980, provocou a morte do então primeiro-ministro Francisco Sá Carneiro, de Snu Abecassis, do ministro da Defesa Adelino Amaro da Costa, do chefe de gabinete do primeiro-ministro António Patrício Gouveia, assim como dos dois pilotos do aparelho.

O caso nunca chegou a ser julgado, perdurando ainda duas teses na opinião pública: Para uns foi um acidente, para outros um atentado.

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