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Eduardo Lourenço diz que Portugal deve «preservar as forças armadas»

Alerta deixado no seu último livro

O ensaísta Eduardo Lourenço afirma no seu novo livro, que é apresentado segunda-feira, que «seria insensatez», na atual situação de Portugal, «não preservar [...] o estatuto agora democraticamente enquadrado das nossas ainda incontornáveis forças armadas».

As afirmações do ensaísta surgem no «post-scriptum», que dedica à memória de Ernesto Melo Antunes, militar de Abril, intitulado «O fim de todas as guerras e a guerra sem fim», redigido em março passado, e no qual reflete sobre o papel das Forças Armadas em Portugal e também como «a potência americana pôs fim à clássica versão do passado como Guerra, tirando todo o sentido ao que era», informa a agência Lusa.

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Para o autor, assistimos ao «fim da guerra em sentido histórico», em que havia «um atacante e um atacado, um vencido e um vencedor, mas não se pense que terminou o reino, pelos vistos imortal, da Violência, antes potenciou-se».

Atualmente a guerra é protagonizada por «um robot ou uma gigantesca máquina de super-robots, de drones, que mecanicamente, ou mesmo quase brincando, destroem um alvo, mesmo o mais humano, sem nenhuma espécie de estado de alma».

«A época dos drones inicia uma nova fase da história da violência, não menor, e penso definitiva, é a metamorfose do homem militar, destinado pelos instrumentos de ficção ao seu alcance a suprimir o que só pode ser, no que tem de humano», atesta o ensaísta que antevê uma «hiperguerra», que «é a configuração do inferno asseptizado em comparação com o qual o de Dante é quase um jardim edénico».

Relativamente a Portugal, Eduardo Lourenço afirma que há uma «diminuição orgânica do peso da instituição militar», que resulta do «triunfo de uma mais vivida democraticidade», um estatuto que, defende, deve ser preservado.

«Ninguém deseja que uma vez mais e em desespero de causa - nossa, de todos - as forças armadas sejam chamadas de uma maneira ou de outra a contribuir, motu proprio, para a libertação do atual estado de dependência - simbólica e não só - da vontade alheia», afirma o autor, acrescentando: «Já é muito, como é sua tradição, que estejam atentas a um drama nacional que é de todos».

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