O presidente do colégio de obstetrícia da Ordem dos Médicos defendeu esta sexta-feira que o número de mulheres que abortaram no ano passado em Portugal demonstra a falta de uma política de prevenção da gravidez indesejada, avança a Lusa.
Um relatório divulgado pela Direcção Geral da Saúde refere que o número de mulheres que abortou em 2008 e em 2009, respectivamente 18 014 e 18 951, é inferior às estimativas anteriores à legalização da prática, que apontavam para as 20 mil interrupções anuais.
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«Tudo isto significa que continuamos a não ter verdadeiramente uma política de prevenção da gravidez indesejada, nomeadamente com o ensino sistematizado da anticoncepção», afirmou Luís Graça.
O obstetra defende um «envolvimento muito directo de profissionais que estejam dedicados» ao esclarecimento sobre os métodos anticoncepcionais. «É necessário que haja algo estruturado para tentarmos diminuir o número de abortos, para que estas mulheres recorram cada vez mais à anticoncepção e não ao aborto como método anticonceptivo».
O relatório da Divisão de Saúde Reprodutiva da DGS refere ainda que o sector público é o mais procurado para realizar a interrupção voluntária da gravidez (IVG), com 13 549 casos.
«Acho isto estranho. Ninguém pode ser obrigado a retirar o seu estatuto de objector. Mas é preciso perceber as razões. Há factores que deveriam ser elucidados», considerou Luís Graça, adiantando conhecer o caso de um clínico defensor da lei da IVG e que se tornou depois objector de consciência.
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