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O cante alentejano, um canto coletivo, sem recurso a instrumentos e que incorpora música e poesia, foi esta quinta-feira classificado como Património Cultural Imaterial da Humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (UNESCO).
A distinção foi aprovada, na manhã desta quinta-feira, pelo Comité Intergovernamental da UNESCO para a Salvaguarda do Património Cultural Imaterial da Humanidade, que está reunido esta semana em Paris (França).
O comité aprovou a candidatura do cante alentejano e a sua inscrição na lista representativa do Património Cultural Imaterial da Humanidade. A declaração do cante alentejano foi aprovada cinco minutos depois de ter começado a sua avaliação, eram 10:18 em Portugal continental.
Durante a fase de análise, na reunião do comité da UNESCO, a candidatura portuguesa foi considerada como um dos «bons exemplos de candidaturas selecionadas pelo comité».
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A candidatura do cante alentejano a Património da Humanidade foi entregue à UNESCO em março de 2013, depois de, em 2012, o Ministério dos Negócios Estrangeiros ter decidido adiar a sua apresentação, por considerar que o processo não reunia condições para ser aceite.
No final de outubro deste ano, uma comissão internacional de especialistas da UNESCO deu um parecer positivo à candidatura, que classificou como «exemplar».
A candidatura foi promovida pela Câmara Municipal de Serpa/Casa do Cante, com o contributo da Entidade Regional de Turismo do Alentejo e Ribatejo, da Casa do Alentejo, em Lisboa, da Confraria do Cante Alentejano e da Moda - Associação do Cante Alentejano.
O «(can)to da (te)rra», que «retrata a ligação umbilical do trabalhador com a terra-mãe», é um canto coletivo, sem recurso a instrumentos e que incorpora música e poesia, associado geograficamente ao Baixo Alentejo, segundo os promotores da candidatura.
O cante alentejano caracteriza-se pela sua estrutura melódica, organização performativa, ritmo lento, moderação das acentuações, melismas, e por anomalias harmónicas. Entre outros temas versa o trabalho, amor, contemplação e nostalgia.
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O cante alentejano reporta à vida do campo, ao trabalho à jorna, e colheitas da agricultura alentejana, como a ceifa e a apanha da azeitona.
Quando projetado em uníssono dava o mote para os homens, mulheres, e crianças darem o seu melhor nas tarefas agrícolas, estimulando assim a competição entre os trabalhadores, tanto homens como mulheres.
Foi nos anos 30 do século XX que começaram a surgir os primeiros grupos corais formais, onde os homens a desempenhar o principal papel, e as mulheres foram colocadas de parte.
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Só depois da revolução dos Cravos, em 1974, com os novos movimentos sociais e culturais, as mulheres voltaram a cantar organizando-se em grupos corais femininos ou mistos.
O cante servia para se purgarem as dificuldades. Com o declínio da economia agrícola e depois da revolução de 1974. Altura em que foram também introduzidos novos temas, alguns com inspiração nos temas políticos da época, marcando-se por um espírito mais reivindicativo, mas mantendo também as modas antigas do cancioneiro popular.
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