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Universidade Coimbra: professores condenam algumas praxes

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Docentes dizem que são violentas, indignar e humilhantes

Mais de uma centena de docentes da Faculdade de Letras de Coimbra subscreveram um documento, entregue esta quarta-feira ao seu diretor, onde condenam certas praxes estudantis que classificam de violentas, indignas e humilhantes.

«A partir daqui as coisas não vão ficar como dantes. Não é uma revolução. É um toque de sino», declarou à Lusa Carlos André, diretor da faculdade, que manifestou a sua adesão às preocupações e recordou que há dois anos proibiu essas atividades estudantis no interior das instalações.

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Catarina Martins, uma das promotoras do abaixo-assinado dos docentes, defendeu que nas praxes estudantis «há limites que não podem ser ultrapassados», nomeadamente as que são sexistas, homofóbicas, indignas e humilhantes, e que criam «um clima de terror» entre os estudantes.

«Somos a favor dos rituais. Somos anti-coisas que não dignificam enquanto seres humanos. Algumas humilham as pessoas, são manifestações gratuitas de poder», considerou Carlos André, lamentando que algumas delas «transformem alunos do primeiro ano em criancinhas de infantário».

O diretor da Faculdade aludiu ainda a uma expressão de uma sobrinha de 12 anos sobre os receios das praxes académicas para realçar que uma certa imagem que está a ser transmitida desprestigia a Universidade de Coimbra e afasta candidatos a alunos.

No preâmbulo do documento, subscrito por mais de uma centena de docentes, é referido que foram observadas diversas práticas associadas à chamada «praxe académica» que se apresentaram como atos de humilhação, de atemorização e de atentado à dignidade dos, e das, estudantes.

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«Apesar do repúdio e do temor que alguns/as estudantes sentem em relação a estas práticas, as queixas contra as mesmas não são formalizadas devido ao receio de retaliações», acrescentam.

Pedem uma intervenção dos órgãos da faculdade no «sentido de esclarecimento dos/as estudantes relativamente aos seus direitos», alertando no início do ano os novos alunos para a possibilidade de recusarem a praxe, distribuindo material informativo sobre o assunto, envolvendo nessas ações o Núcleo de Estudantes, e criando estruturas de apoio aos anti-praxistas.

Carlos André, que manifestou «todo o apoio institucional, e toda a solidariedade», defendeu que este problema «deve mobilizar a todos», e enalteceu a manifestação de vontade de envolvimento por parte de membros do núcleo de estudantes da faculdade.

«É uma situação inexplicável e insustentável. É preciso pôr as pessoas a pensar. Caminhou-se para aqui de uma forma irrefletida», observou, desejando que se «arrepie caminho» e se retorne às «praticas pitorescas e interessantes» que tantos relatos de vivências académicas deixaram registado.

No entanto, quando questionado sobre as medidas que pretende adotar, o diretor escusou-se a revelar as intenções, mas entre alguns dos subscritores presentes a tónica foi para a reflexão, o debate e uma informação mais esclarecida aos estudantes.

Catarina Martins revelou ter sido contactada por colegas de outras instituições do ensino superior, e admitiu que no início do próximo ano letivo possa haver uma concertação em torno de uma intervenção sobre certas praxes académicas.

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