O engenheiro português Vasco Ribeiro, 44 anos, da Lourinhã, concorre a uma vaga de astronauta-cientista num programa comercial para a observação de nuvens notilucentes, denominado Projeto Possum, desenvolvido em parceria com a agência espacial norte-americana (NASA).
"Sou um pouco pragmático na vida, um passo de cada vez. As oportunidades podem surgir ou não. Quando elas surgem, nós aproveitamos e vamos atrás delas, e essa é a mensagem que eu gostava de transmitir, para seguirmos os nossos sonhos", disse à Lusa, em São Paulo.
"Divulguei no Facebook, é o que estou a fazer, mas, como trabalho no Brasil, estou um pouco deslocado de Portugal e torna-se difícil trabalhar nesse sentido. Sabe como é, bater de porta em porta nos bancos, em quem tem dinheiro para financiar."
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A NASA possui uma linha de financiamento para projetos comerciais, como o Possum, afirmou Vasco Ribeiro.
O projeto tem o objetivo de fotografar as nuvens notilucentes [que dá luz à noite], na região da zona polar norte, a cerca de 80 quilómetros de altitude, na chamada alta mesosfera, e podem dar informações sobre o aquecimento global.
"A alta mesosfera é uma parte da atmosfera meio desconhecida, por uma questão simples: os balões atmosféricos sobem a 30, 40 quilómetros de altitude; aviões sobem a 25 quilómetros; e os satélites em órbita, a 200 quilómetros, e só passam por ela para subir ou descer."
Na viagem prevista, a nave espacial descola na horizontal, como um avião, mas sobe quase na posição vertical, acelera até três vezes a velocidade do som e alcança os 105 quilómetros de altitude em cerca de seis minutos. "É como andar numa montanha russa", brincou.
Apesar de se ter interessado pelo espaço quando criança, a oportunidade de ser astronauta-cientista surgiu-lhe como um passatempo: desenhar modelos de simulador de voo e partilhá-los numa página na Internet especializada no assunto.
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Um dos modelos para voo comercial foi visto por uma pessoa ligada ao Projeto Possum, que convidou Vasco Ribeiro a desenvolver um simulador para treinar a realização de procedimentos de registos das nuvens, pois o tempo para fazê-lo no voo é de apenas cerca de três minutos.
Após fazer o simulador, o português participou no curso inaugural de formação de astronauta-cientista na Embry-Riddle Aeronautical University, na Flórida, nos Estados Unidos.
No curso, de cinco dias, alunos de diferentes áreas aprendem sobre as nuvens notilucentes, têm aulas teóricas, fazem testes físicos e participam em voos. Oito pessoas terminaram o primeiro curso, incluindo Vasco Ribeiro, e outras duas edições foram realizadas.
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