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Português descodifica mapa genético de cancro da mama

Equipa liderada por Samuel Aparício dedicou-se ao tipo triplo negativo

Uma equipa da Agência de Oncologia da Colúmbia Britânica, no Canadá, liderada pelo investigador português Samuel Aparício, anunciou hoje ter descodificado o mapa genético do cancro da mama de tipo triplo negativo, noticia a Lusa.

O estudo efetuado por aquela equipa de cientistas, em parceria com a Universidade da Colúmbia Britânica (UBC), o Instituto canadiano de Oncologia de Alberta e o departamento de Pesquisa de Cancro da Universidade de Cambridge (Reino Unido), revela que o cancro da mama triplo negativo, até agora entendido como doença com caraterização uniforme, apresenta grande complexidade e tumores diversificados que sofrem mutações ao longo da sua evolução.

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A prestigiada revista científica britânica «Nature» publica hoje os resultados desta pesquisa sobre o cancro da mama triplo negativo, um dos subtipos dos tumores cancerígeno que afetam este orgão.

Em declarações à Agência Lusa, o professor Samuel Aparício elucidou que o estudo analisou «o conteúdo dos genomas de 104 cancros da mama, do tipo "triplo negativo", dos quais 70 utilizando os novos métodos ( next generation sequencing) para descodificar o genoma inteiro e encontrar todas a mutações presentes no ADN de cada tumor».

A pesquisa concluiu existir «uma tremenda diversidade genética entre os tumores, embora todos os tumores sejam considerados iguais do ponto de vista clínico, por exemplo, no tratamento».

«Ao utilizarmos métodos para estudar a fração de cada mutação presente nos tumores, constatámos que cada tumor pode ser considerado um mini ecosistema de células tumorais, [ clones, em inglês], com conteúdos diferentes de mutações. É - como dizer - um tumor, múltiplas doenças», salientou Samuel Aparício.

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Por outro lado, acrescentou, «a evolução presente em cada tumor, no momento do primeiro diagnóstico, também revela uma grande variação entre os doentes».

O presente estudo mostra que entre 15 a 20% dos tumores cancerígenos triplo negativo contêm mutações ligadas a fármacos em desenvolvimento, ou utilizados por outras indicações, frisou Aparício, face ao que «será preciso fazer ensaios clínicos usando estas mutações com biomarcadores, mas isto abre uma potencial via para doentes que já esgotaram a terapêutica corrente», preconizou.

A equipa de cientistas que elaborou esta investigação inclui um outro português, Carlos Caldas, oncologista médico e pesquisador em Cambridge, um antigo colega de Aparício.

Os carcínomas triplo negativos devem a sua designação ao facto de serem tumores que mostram a inexistência de três recetores de proteínas: estrogénio (RE), progesterona (RP) e fator de crescimento epidérmico humano (HER2).

Cerca de 16 por cento dos cancros do mama são de tipo triplo negativo, sendo responsáveis por 25 por cento das mortes no total de tumores do seio.

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Reconhecido como um dos grandes especialistas mundiais no domínio, Samuel Aparício é atualmente o diretor do programa de investigação sobre o cancro da mama do Agência de Oncologia da Colúmbia Britânica, é catedrático da UBC em anatomia patológica e em genética humana e investigador sobre cancro de mama.

É ainda chefe do departamento de Oncologia Molecular do hospital universitário.

Nascido em Lisboa, Aparício está na Agência de Oncologia da Colúmbia Britânica desde 2005, oriundo do Reino Unido, onde esteve 14 anos.

Ali obteve licenciaturas em ciências médicas e em medicina clínica, pelas universidades de Cambridge e de Oxford, um doutoramento e, entre outros cargos que ocupou, foi investigador principal do Departamento de Oncologia de Cambridge, de 2000 a 2005.

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