Uma equipa de investigadores do Centro de Investigação de Montanha do Instituto Politécnico de Bragança que criou um spray que substitui o plástico na conservação dos alimentos e reduz as embalagens foi premiada com uma bolsa de 50 mil euros, no concurso de Inovação Social da Comissão Europeia.
O Spray Safe é um spray baseado em ingredientes naturais, sustentáveis e comestíveis que visa ser uma alternativa ao plástico usado para a conservação dos alimentos, como embalagens e outros recipientes, mantendo as características da comida e evitando a oxidação e a contaminação.
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A ideia já vem no seguimento de um trabalho de 20 anos da equipa de investigação e começou com um estudo e investigação de centenas de espécies diferentes de plantas e também de cogumelos no sentido de perceber se podiam ser fonte de substâncias naturais de alto valor acrescentado”, disse a coordenadora do centro de investigação, a professora Isabel Ferreira, à TVI.
Depois do estudo, realizado com muitas espécies vegetais do nordeste transmontano, uma das regiões da Europa com maior biodiversidade, a equipa apercebeu-se de que era detentora de um conhecimento privilegiado.
Isabel Ferreira explicou que os estudos que fizeram foram essencialmente químicos e, quando registaram o perfil químico de todas as plantas, também conseguiram perceber “que moléculas e que substâncias podiam ser obtidas, nomeadamente para efeitos conservantes, com um potencial antimicrobiano, antioxidante que ajude depois a evitar a deterioração dos alimentos”
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O cientista Márcio Carocho, um dos criadores do SpraySafe, afirmou que, quando o produto for inserido no mercado, “terá um impacto significativo no ambiente, pois permitirá reduzir drasticamente a dependência de embalagens plásticas, bem como da película aderente”.
Márcio Carocho aclarou que a ideia começou como um conceito abstrato que foi gradualmente ganhando forma.
Enquanto trabalhávamos na formulação inicial houve dias de alguma frustração, pois não funcionava como o havíamos idealizado. Contudo, quando finalmente conseguimos equilibrar todos os ingredientes, quando conseguimos testar e validar, aí sim, comecei a acreditar que podíamos ter algo inovador e disruptivo”, afirmou, adiantando que o grande desafio que a sociedade tem é a alimentação correta da população mundial, “sem destruir o mundo enquanto o fazemos”.
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Uma das grandes dificuldades que a equipa vai enfrentar é a alteração dos hábitos de consumo, mas a professora Isabel Ferreira garante que esse obstáculo será ultrapassável.
Todo este processo tem imensas dificuldades que têm de ser superadas e agora como estamos a falar de algo que vai para além da investigação que envolve provas de conceito, validação desta formulação em diferentes tipos de alimentos e depois o seu escalonamento industrial, ainda temos aqui bastantes etapas para passar, mas se o SpraySafe resultar a nível industrial, tenho a certeza que será fantástico, muito útil e de enorme facilidade de utilização por qualquer consumidor”, disse a coordenadora do Centro de Investigação de Montanha do Instituto Politécnico de Bragança.
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Projeto português entre os vencedores do prémio de inovação social da Comissão Europeia. 👏👏👏O SpraySafe ganhou o prémio graças a um spray comestível para a conservação de produtos alimentares que reduz a necessidade de embalagens de plástico. #PlasticStrategyhttps://t.co/qa6qG2w1fD
— CEemPortugal (@CE_PTrep) October 25, 2019
Em relação à sua utilização em casas particulares,o cientista Márcio Carocho explica que a utilização será “mais um pequeno contributo para que o ser humano avance para alternativas sustentáveis dentro do seu próprio lar, pois é preciso que todos nós tenhamos pequenos gestos que podem marcar a diferença para melhor em relação ao plástico e consequente desperdício”.
A equipa irá receber uma bolsa de 50 mil euros da Comissão Europeia e esse dinheiro será investido na validação do conceito em diferentes alimentos: “até ao momento, o produto só foi validado em fiambre e, portanto, é preciso agora validar em produtos lácteos, como o queijo, ou noutro tipo de carnes”, esse será o passo a seguir, segundo a professora Isabel Ferreira.
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