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Difamação no Twitter compensada com três anos de trabalho social

Colunista do «The Guardian» chega a acordo com político britânico, depois de difundir rumores falsos a seu respeito.

Um colunista do diário inglês «Guardian», George Monbiot, vai cumprir trabalho social durante três anos, como forma de compensar um antigo político britânico, Lord McAlpine, pela prática de difamação através do Twitter. O trabalho a desenvolver por Monbiot está avaliado em 25 mil libras (cerca de 28.500 euros), o valor da indemnização a que McAlpine teria direito.

O acordo foi anunciado nesta terça-feira, pelo próprio Monbiot. O colunista, ativista político e jornalista de investigação, era um de entre vários utilizadores daquela rede social a ser processado pelo antigo porta-voz do governo de Margaret Thatcher e ex-presidente do partido Conservador.

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Os factos em causa remontam a novembro do ano passado, quando a antevisão de um programa da BBC anunciava uma investigação a um antigo político, pelo crime de abusos sexuais a menores. McAlpine foi associado por vários utilizadores do Twitter a essas acusações, algo que os dias seguintes viriam a provar ser rotundamente falso. Mas, entretanto, muitos utilizadores da rede social, a exemplo de Monbiot, deram os rumores como válidos e amplificaram-nos.

Ao anunciar em comunicado o acordo com o advogado de McAlpine, Monbiot reiterou estar «extremamente arrependido» dos tweets «estúpidos e impensados» que escreveu, acrescentando aceitar «imediatamente e sem qualquer reserva» e a medida de trabalho comunitário em prol de organizações de carácter social, que terá liberdade para escolher. «Acho que este acordo abona muito a favor de Lord McAlpine, que não procura recompensa pessoal, mas antes que haja trabalho em benefício de outros», escreveu Monbiot.

O colunista do Guardian, que tinha mais de 50 mil seguidores na sua conta de Twitter, à altura dos factos, terminou o comunicado com um apelo à comunidade de utilizadores: «Por favor, assegurem-se de que confirmam os factos e pensem antes de escrever». Os advogados de McAlpine reagiram favoravelmente ao comunicado, considerando, numa declaração escrita, ter sido alcançado um «acordo pioneiro, que serve para sublinhar os perigos do uso indevido da internet».

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Além de Monbiot, outros utilizadores do Twitter enfrentam processos judiciais pelo mesmo motivo. Em fevereiro deste ano, McAlpine decidiu deixar cair as ações contra contas com menos de 500 seguidores, a troco de uma doação simbólica de 30 euros para um fundo de apoio à infância, mas reafirmou a vontade de ir até às últimas consequências com utilizadores de perfil mais público.

Entre eles, conta-se Sally Bercow, mulher do atual porta-voz da câmara dos Comuns, John Bercow, a quem o antigo político reclama uma indemnização no valor de 50 mil libras (57 mil euros). No dia da emissão do programa, Bercow escreveu, para os seus 56 mil seguidores: «Porque será que Lord McAlpine é trend? *cara de inocente*». O caso deverá ir a julgamento nos próximos meses.

O programa Newsnight, transmitido pela BBC 2 em novembro, não chegava a avançar o nome do político investigado por abuso de menores, mas contribuiu para a campanha de rumores em torno de McAlpine, que vive atualmente em Itália. Depois de vários pedidos de desculpa, a estação britânica acabou por pagar-lhe 185 mil libras (230 mil euros) de indemnização. Como consequência das identificações erradas resultantes do programa, o então director-geral da BBC, George Entwistle, demitiu-se uma semana depois da emissão.

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