Cientistas do Instituto Federal de Tecnologia de Zurique (ETHZ) conseguiram testar com sucesso uma técnica que pode revolucionar a forma como armazenamos todo o tipo de informação: tornaram ADN num «disco rígido».
Cassetes, CDs, Pens, e outras formas de armazenamento de dados já provaram que apesar de conseguirem cada vez armazenar mais em menos tamanho, há uma barreira que não conseguem vencer: o tempo. Um CD, bem cuidado, talvez dure algumas décadas, mas a "matriz" de toda a natureza consegue manter-se intacta por milhares de anos – os fósseis que o provem. Assim, os investigadores tentaram guardar informação dentro de um genoma e depois testar quanto tempo aguentava.
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Colocar a informação «dentro» do ADN não é uma técnica nova, já tinha sido conseguido por investigadores do MIT, nos EUA, mas o ADN não pode estar em contacto com o ambiente, ou vai degradar-se rapidamente, o que era um problema. Os cientistas do ETHZ conseguiram contornar esta questão e é justamente por isso que a técnica é tão promissora.
Segundo a CNN, para resolver este problema, os investigadores suíços preservaram o ADN dentro de sílica e simularam a degradação a que estaria sujeito o objeto durante 10 mil anos: durante um mês o ADN «protegido» esteve sujeito a temperaturas de 60 a 70 graus Celcius, e no final todo o material foi recuperado com sucesso.
A ideia passou por tentar criar um teste pelo qual passam os fósseis, que já provaram conseguir guardar dados por centenas de milhares de anos.
O processo não é perfeito, e 80% dos ficheiros tinham pelo menos um erro, e cerca de 8% perderam-se completamente, mas, antecipadamente os cientistas inscreveram no código genético a informação necessária para corrigir os erros esperados, pelo que foi possível recuperar tudo, mesmo «10 mil anos» depois.
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Os cientistas estimam que a temperaturas mais baixas seria possível guardar a informação por mais de um milhão de anos.
Estima-se que um grama de ADN seja capaz de guardar cerca de 455 exabytes (um exabyte são mil milhões de gigabytes), ou em perspetiva, toda a informação do Google e Facebook juntos, com espaço de sobra, pelo que esta pode realmente ser a resposta para a memória «eterna».
«Encontrámos formas de tornar o ADN estável. Então quisemos combinar estas duas histórias, juntar a alta capacidade de armazenamento do ADN e combiná-la com os aspetos arqueológicos do ADN», disse Robert Grass, um dos investigadores.
Custou cerca de 2000 dólares (cerca de 1700 euros) para codificar os 83 KB.
«O preço para sequenciar o genoma humano já caiu de vários milhões de dólares para apenas várias centenas hoje em dia», acrescentou.
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