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Bosão de Higgs: por que é isto tão importante

Cientistas acreditam ter descoberto aquela a que chamaram «partícula de Deus». Explicações.

Não esperemos de repente uma revolução rumo ao futuro. Não estamos a falar de tele-transporte, como se brincava hoje no Twitter. Mas estamos a falar de algo grande. A descoberta anunciada esta quarta-feira com elevado grau de probabilidade do bosão de Higgs, a que chamaram a «partícula de Deus», permite aos cientistas atingir «uma compreensão razoável do que temos no universo». E abre uma janela para um mundo novo de explicações, explica João Seixas, professor do Instituto Superior Técnico e investigador da CSM, uma das duas equipas envolvidas na descoberta. «O bosão diz-nos como é que a massa aparece», sintetiza João Seixas ao tvi24.pt, depois de explicar que era a peça que faltava no modelo-padrão da física, no estudo da interação entre as partículas elementares. Faltava perceber como é que elas ganhavam massa e a teoria de que isso aconteceria se houvesse uma partícula adicional com certas características que se juntasse às outras explicava o mistério. Foi postulada há quase 50 anos, entre outros pelo britânico Peter Higgs, e havia vários indicadores que a confirmavam. Mas faltava encontrar «a» partícula. É o que os cientistas do CERN, o Laboratório Europeu de Física de Partículas, acreditam ter conseguido agora.  E por que foi tão difícil encontrar aquele a que os responsáveis do CERN chamaram hoje «o Santo Graal»? Não é por ser muito pequeno, antes pelo contrário. «A questão é a forma como se manifesta. Para o vermos temos que o ligar a coisas com massas muito grandes, daí o acelerador de partículas. A probabilidade de desintegração dele, que é quando o podemos detetar, é muito baixa. É difícil reproduzi-lo e ver o decaimento dele, no meio de tudo o resto que acontece», explica João Seixas. O anúncio feito esta manhã foi transmitido em direto e seguido com grande expectativa. Foi tendência no Twitter onde, entre várias piadas, o utilizador Tom Scott dizia esta: «No fim do anúncio, alguém da equipa do CERN faz uma pausa, diz com um ar nonchalant «Ah, mais uma coisa», e depois calmamente tele-porta-se.» Não é mesmo por aí, ri-se João Seixas. «Na realidade a tele-portação de fotões existe há muito tempo. Não tem nada a ver com isso. Tem a ver com a composição da estrutura básica do nosso universo», explica. «Isto deu-nos a confirmação de que a teoria estava certa», acrescenta, explicando que agora ainda há muito trabalho pela frente. Para começar, para tentar perceber «qual deles é». É que, conta João Seixas, também «há várias teorias sobre o bosão de Higgs». À TVI24, João Seixas resumiu assim o que significou este dia para a ciência: «Entramos agora num novo universo. Até agora estávamos à beira da praia, do oceano. Agora descobrimos coisas nesse oceano.» De resto, ainda «estamos ainda muito longe de uma teoria completa do universo», e ainda há muito para conhecer sobre o universo. João Seixas dá uma ideia: «O que conhecemos agora é apenas quatro por cento do que existe.»

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