O governo do Reino Unido aconselhou secretamente a Líbia sobre como usar um diagnóstico de cancro para obter a libertação do terrorista líbio Megrahi, condenado a prisão perpétua pelo atentado de Lockerbie. A revelação consta em documentos publicados pelo site Wikileaks, de acordo com a agência EFE.
Esta revelação põe em causa o governo britânico, que garante não ter influenciado a libertação de Megrahi em troca de um acordo milionário de exploração de petróleo.
PUB
Os documentos diplomáticos revelam que Bill Rammel, secretário de Estado do Ministério de Relações Exteriores britânico, ofereceu assessoria jurídica detalhada à Líbia sobre como utilizar o diagnóstico de um cancro terminal de Abdelbaset Al Megrahi para conseguir a sua libertação, por motivos humanitários, da prisão escocesa onde cumpria pena.
Megrahi foi o único condenado pelo ataque a bomba contra o voo 103 da Pan Am sobre Lockerbie, que fez 270 mortos em 1988, a maioria americanos. Foi condenado a prisão perpétua na Escócia em 2001.
Em Agosto de 2009, o governo escocês decretou a libertação de Megrahi por motivos humanitários, uma vez que este teria um cancro na próstata em fase terminal e, no máximo, três meses de vida.
O ex-agente dos serviços secretos foi recebido como herói na Líbia. Em Julho de 2010, Megrahi foi novamente examinado e concluiu-se que o terrorista líbio poderia viver mais dez anos.
O Comité de Relações Exteriores do Congresso dos Estados Unidos abriu recentemente uma investigação sobre os bastidores da libertação de Megrahi. Suspeita-se que a gigante do petróleo British Petroleum (BP) fez lobby com o governo escocês para a libertação de Megrahi, de modo a facilitar um acordo com a Líbia de mais de 650 milhões de euros para a exploração de petróleo.
O governo do Reino Unido negou qualquer cumplicidade com a libertação de Megrahi e disse que a decisão foi exclusiva do governo autónomo escocês.
PUB