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«4 doentes não são 4 números»

População de Valença cortou trânsito na ponte que liga Espanha a Portugal, durante mais de uma hora. Ânimos exaltaram-se. Autarca socialista encabeçou marcha lenta contra fecho das urgências. «É perfeitamente disparatado», diz

A população de Valença cortou este domingo, durante mais de uma hora, o trânsito na ponte internacional que liga aquela localidade a Tui, Espanha, em forma de protesto contra a exclusão do concelho da rede nacional de urgências, refere a Lusa.

A manifestação, com mais de um milhar de pessoas e encabeçada pelo presidente da Câmara, José Luís Serra (PS), começou com uma marcha lenta desde o centro da vila até à ponte internacional, devidamente autorizada e que previa apenas a ocupação da via no sentido Portugal-Espanha.

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No entanto, alguns dos manifestantes decidiram também cortar o sentido Espanha-Portugal, pelo que o trânsito na ponte internacional esteve completamente interrompido durante mais de uma hora.

A GNR chegou a equacionar usar da força para «restabelecer a legalidade», mas os manifestantes acabaram por desmobilizar a pedido do presidente da Câmara e depois de este ter garantido que a luta iria continuar.

«Não vamos cruzar os braços. O ministro [da Saúde] não pode tomar decisões escondido no seu gabinete. Só queremos que nos deixe as nossas urgências», referiu José Luís Serra, manifestando-se «desiludido» com Correia de Campos.

Durante toda a marcha lenta, o autarca socialista ajudou a segurar, lado a lado com o presidente da Assembleia Municipal, uma longa tarja onde se lia «Ministro: as urgências de Valença são nossas, não são suas».

«Perfeitamente disparatado»

A Comissão Técnica de Apoio ao Processo de Requalificação das Urgências apresentou recentemente a sua proposta, que, no caso do distrito de Viana do Castelo, aponta para um Serviço de Urgência Médico-Cirúrgico no Centro Hospitalar do Alto Minho e dois Serviços de Urgência Básica (SUB), um em Ponte de Lima e outro em Monção.

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A única mudança em relação à proposta inicial, que esteve em inquérito público até finais de Novembro, é a transferência para Monção da Urgência Básica que estava prevista para Valença.

«Não passa pela cabeça de ninguém querem obrigar-nos a fazer 15 quilómetros para irmos às urgências em Monção e depois, caso o problema não possa ser lá resolvido, termos de andar para trás, mais 80 quilómetros, em direcção ao hospital de Viana do Castelo. É inconcebível e perfeitamente disparatado», acrescentou o presidente da Câmara de Valença.

Serra criticou ainda o ministro por alegar que em Valença só vão às urgências, em média, quatro doentes por dia.

«Esqueceu-se de dizer que em Monção a média é a mesma. Mas a saúde não pode ser vista pelos números. Quatro doentes são quatro pessoas, não são quatro números», criticou.

A marcha lenta foi sempre acompanhada pelas sirenes dos bombeiros, que tocaram estridentemente em sinal de luto.

À mesma hora, os sinos das igrejas de todas as freguesias de Valença tocaram a rebate.

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