Um antigo comandante do grupo de mercenários Wagner, que tem assumido cada vez mais influência no seio das forças russas que lutam na Ucrânia, pediu asilo na Noruega. As autoridades norueguesas confirmaram o pedido de asilo do russo, identificado como Andrey Medvedev: à agência Associated Press, o departamento de imigração norueguês declarou, no entanto, que não irá fazer mais comentários por razões de "segurança e privacidade". Será a primeira vez que uma alta patente do grupo paramilitar foge para a Europa.
Medvedv foi transferido para Oslo, onde está num centro de acolhimento para pessoas que infringiram leis relacionadas com migrações, informa a AP. O caso foi entregue à polícia de imigração da Noruega.
Segundo o Gulagu.net, um grupo de ativistas de direitos humanos russo, que tem estado em contacto com Medvedev, o ex-comandante do grupo Wagner garante ter testemunhado vários homicídios ilegais e diz-se pronto para testemunhar contra o grupo de mercenários e o seu líder, Yevgeny Prigozhin, conhecido como "o chef de Putin" por ter gerido durante anos o negócio de catering a que o Kremlin recorria. De acordo com o Gulagu.net, Medvedev escapou a balas e a cães durante a fuga da Rússia, tendo atravessado ilegalmente a fronteira russa com a Noruega, que se estende por 198 quilómetros.
Na semana passada, a polícia norueguesa confirmou que deteve uma pessoa que tinha entrado ilegalmente no país através de território russo. Na altura, o homem foi identificado apenas como um estrangeiro e as autoridades revelaram que a detenção decorreu sem resistência. Sabe-se agora que o estrangeiro era Andrey Medvedev e, segundo a AP, o ex-comandante do grupo Wagner pediu ajuda numa casa particular depois de conseguir atravessar a fronteira.
As autoridades norueguesas revelaram ainda ter sido notificadas pelos guardas de fronteira russos, que detetaram vestígios na neve que poderiam indicar que alguém tinha atravessado ilegalmente a fronteira entre os dois países.
O ex-comandante do grupo Wagner conseguiu fugir da Rússia no dia 12 de janeiro, entrando na Noruega através da fronteira na cidade fronteiriça de Nikel, na região de Murmansk.
Segundo a AP, que cita a agência norueguesa NTB, Medvedev tem estado em fuga desde que desertou do grupo Wagner, a 6 de julho.
O Gulagu.net refere mesmo que Medvedev liderou a unidade de Yevgeny Nuzhin, um homicida condenado que foi recrutado pelo grupo Wagner e que se rendeu às forças ucranianas, tendo sido novamente capturado pelos russos. Nuzhin acabou morto com pancadas de marreta na cabeça e tudo foi filmado e partilhado numa conta de Telegram associada ao grupo paramilitar que mantém fortes ligações ao Kremlin.