Ataque de Annecy “sem motivações terroristas”. Vítima mais jovem tem menos de dois anos - TVI

Ataque de Annecy “sem motivações terroristas”. Vítima mais jovem tem menos de dois anos

Procuradora da República de Annecy diz que foi aberta uma investigação por homicídio tentado e outra para determinar em que circunstâncias os agentes policiais utilizaram as armas de fogo

Eram 09:45 locais (menos uma hora em Lisboa) quando o pânico se instalou no parque infantil muito frequentado, à beira do lago de Annesy, na região de Haute-Savoie, em França. Um homem munido de uma faca atacou quatro crianças e dois adultos. Três das vítimas (duas crianças e um adulto) estão em estado grave e com prognóstico reservado. O suspeito acabou detido.

Em conferência de imprensa, ao início da tarde, as autoridades asseguraram que “não há motivações terroristas aparentes” e anunciaram uma investigação por homicídio tentado e outra para averiguar as circunstâncias em que os agentes da polícia francesa utilizaram as armas de fogo para travar o suspeito.

Em conferência de imprensa, a procuradora da república em Annecy, Line Bonnet-Mathis, precisava as idades das crianças feridas: “uma tem 22 meses, duas têm dois anos e outra tem três anos”. Uma das crianças feridas é de nacionalidade britânica e outra era neerlandesa. Foram levadas para diferentes hospitais na região e também para hospitais suíços. Annecy fica a pouco mais de 50 quilómetros de Genebra.

“Quer como pais, quer como cidadãos, estamos muito chocados. São acontecimentos muito chocantes. São crianças muito pequenas”, adianta a primeira-ministra francesa, Elisabeth Borne, que se deslocou ao local.

A procuradora da república lembra também aquelas a que chamou “vítimas visuais”, as pessoas que estavam no parque e que assistiram a tudo e estão “extremamente chocadas”. Entre elas, estava um grupo de jovens, alunos do secundário, que assistiram a tudo e estão agora a ser acompanhados por técnicos de saúde mental.

Suspeito desconhecido das autoridades

A imprensa francesa já o tinha avançado, citando fontes policiais, e a primeira-ministra francesa veio confirmar: o suspeito, agora detido, era desconhecido das autoridades francesas e europeias. Sabe-se que é um cidadão sírio e era requerente de asilo. Tinha feito o pedido a 28 de novembro de 2022. Tinha chegado da Suécia (onde vivia desde 2013 e teria estatuto de exilado) há uns nove meses.

O homem, identificado como Abdalmasih H., nasceu em 1991, terá sido casado com uma sueca de quem teria um filho, precisamente da idade das vítimas mais jovens.

Em França, Abdalmasih não tinha domicílio fixo. Isso mesmo confirmou a procuradora, na conferência de imprensa. De acordo com testemunhos citados pelo France Bleu Pays de Savoie, o homem vivia há vários meses nas ruas, junto ao lago de Annecy e fazia a sua higiene no lago.

Também não lhe eram conhecidos antecedentes de doença psiquiátrica.

As reações

Pouco depois das primeiras notícias, começaram a surgir as primeiras reações. O futebolista Anthony Le Tallec, que passou pelo Liverpool, presenciou o ataque e descreve o que viu em várias stories no Instagram: "Estava a correr à beira do lago quando vi, de repente, dezenas de as pessoas a vir rapidamente na minha direção. Perguntei-me o que estava a acontecer. Uma mãe gritou para mim: ‘Corra, corra! Há alguém a esfaquear toda a gente, junto do lago! Ele esfaqueou crianças, corra, corra!’. […] Fiquei um pouco surpreendido. Continuo e vejo o indivíduo que, de facto, aparece à minha frente. Ele está na relva e vejo os agentes da polícia que estão cinco ou 10 metros atrás dele e não conseguem apanhá-lo. Ele vem na minha direção e eu afasto-me um pouco e vejo que ele vai direito a um grupo de idosos. E lá, ele ataca um idoso. Ele esfaqueia-o uma vez, os agentes atrás dele não conseguem detê-lo. Eu grito-lhes: ‘Atirem nele, matem-no, ele está a esfaquear toda a gente!’. Ele esfaqueia-o uma vez, duas vezes e então eles começam a atirar. Eles atiram contra a pessoa, que cai no chão, mas o idoso já foi atingido. Continuo e vejo ao longe, crianças no chão. […] É uma loucura ver isso em Annecy».

O Parlamento francês cumpriu um minuto de silêncio, em solidariedade com as vítimas e Emmanuel Macron, o presidente francês, foi dos primeiros a reagir, através do Twitter: “A Nação está em choque.”

Ainda antes de se deslocar a Annecy, a primeira-ministra Elisabeth Borne também se solidarizava com as vítimas e suas famílias: “Os meus pensamentos estão com as vítimas”. Na conferência de imprensa conjunta que deu com a procuradora de Annecy, falou em “ato odioso e inqualificável” e felicitou a pronta reação das autoridades policiais.

O ministro da Saúde francês, François Braun, saudou “a rápida mobilização dos serviços de emergência para o atendimento das vítimas”. A Secretária de Estado da Criança, Charlotte Caubel, lamentou que “mais uma vez, as nossas crianças sejam alvo do aumento da violência na nossa sociedade. Agradeço à polícia que prendeu o agressor. Este ato não pode ficar impune.”

O antigo presidente francês Nicolas Sarkozy também reagiu através do Twitter. “Um ato tão inqualificável como imperdoável”, escreveu.

A secretária de Estado com a pasta da Infância, Charlotter Caubel, apelava: “este ato não pode ficar impune”.

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