Observador revela SMS em que António Costa diz ser "inoportuno" afastar Isabel dos Santos - TVI

Observador revela SMS em que António Costa diz ser "inoportuno" afastar Isabel dos Santos

  • CNN Portugal
  • 15 nov 2022, 13:37

Notícia é avançada pelo jornal online Observador: após a pré-publicação de um capítulo do livro "O Governador", na semana passada, o primeiro-ministro enviou uma mensagem ao ex-governador do Banco de Portugal Carlos Costa que confirma um telefonema sobre Isabel dos Santos. Antes disto, António Costa tinha dito publicamente que ia processar o antigo governador

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O primeiro-ministro enviou ao antigo governador do Banco de Portugal Carlos Costa uma SMS na semana passada em que revela que considerava “inoportuno” afastar Isabel dos Santos da administração do Eurobic. Nessa mesma mensagem, o primeiro-ministro desmente que tenha dito que não se podia “tratar mal” a empresária angolana. 

A informação está a ser avançada esta terça-feira pelo jornal Observador, que dá conta desta mensagem enviada pelo primeiro-ministro a Carlos Costa cerca de hora e meia depois da pré-publicação, também na semana passada, de um excerto do livro ‘O Governador’. Essa pré-publicação foi divulgada pelo Observador.

O jornal conta ainda que António Costa ligou a Carlos Costa após a reunião em que o Banco de Portugal tentou afastar Isabel dos Santos do Eurobic, corria o ano de 2016. Essa chamada telefónica ficou também confirmada na SMS agora enviada pelo primeiro-ministro.

A "inoportunidade" do afastamento de Isabel dos Santos estaria relacionada com o processo de venda da participação da filha do ex-presidente angolano num outro banco, o BPI, ao espanhol La Caixa.  Nem Carlos Costa nem o gabinete de comunicação do primeiro-ministro se pronunciaram, até agora, sobre o assunto. 

António Costa vai processar por declarações "ofensivas do seu bom nome, honra e consideração"


Fonte oficial do gabinete do primeiro-ministro revelou na semana passada que António Costa vai processar o ex-governador do Banco de Portugal (BdP): em causa estavam as denúncias feitas por Carlos Costa precisamente no livro "O Governador", da autoria do jornalista Luís Rosa, do Observador.

Segundo os capítulos já revelados deste livro, o primeiro-ministro António Costa terá feito pressão sobre o ex-governador para que Isabel dos Santos se pudesse manter na administração do Banco BIC.

"O primeiro-ministro constituiu seu advogado Dr. Manuel Magalhães e Silva para adotar os procedimentos legais adequados contra o Dr. Carlos Costa, tendo em conta as declarações proferidas - que são ofensivas do seu bom nome, honra e consideração", informou o gabinete de António Costa.

O episódio remonta a abril de 2016, quando o governador informou Isabel dos Santos, a maior acionista do BIC à data, e Fernando Teles, sócio da filha mais velha do ex-presidente de Angola, que tinham de se afastar do conselho de administração do banco no qual tinham uma participação de 20%. Uma decisão que tinha por objetivo fazer passar aos mercados a certeza de que aquela instituição bancária em nada estava relacionada com os problemas a que estava exposto o BIC Angola.

Isabel dos Santos não aceitou a ideia. Começou por dizer que não havia nada na legislação portuguesa que a impedisse de ser administradora do BIC. E, perante a determinação de Carlos Costa, recorreu, diz o livro, ao primeiro-ministro português, que terá defendido a posição da filha do ex-presidente de Angola.

Noutro capítulo do livro de Luís Rosa, a que a TVI (do grupo da CNN Portugal) teve acesso, revela-se que António Costa, acabado de chegar à liderança do Partido Socialista, disse a Carlos Costa que tinha "três problemas" com ele, nomeadamente a recondução do próprio governador, decidida pelo Governo de Passos Coelho a quatro meses das legislativas, o facto de Mário Centeno não ter sido considerado para diretor de Estudos Económicos do BdP e a alegada discriminação de militantes do PS para funções no supervisor. A estes problemas juntar-se-ia mais tarde a contratação de Sérgio Monteiro para coordenar a venda do Novo Banco, tendo alegadamente Costa, já primeiro-ministro, pressionado o governador para fazê-lo abandonar funções. 

As reações que já se conhecem

O líder do PSD já reagiu ao que se sabe sobre o polémico livro de Luís Rosa, garantindo que vai questionar o primeiro-ministro "olhos nos olhos" sobre se falou ou não com Carlos Costa sobre o caso de Isabel dos Santos. No entender de Luís Montenegro, os portugueses têm de "saber a verdade, independentemente das ações que o doutor António Costa queira mover contra quem quer que seja".  A oposição parlamentar também quer mais explicações e pretende ouvir o antigo governador do BdP, com o Chega a considerar avançar mesmo com uma comissão de inquérito.

O Presidente da República revelou que já tem o livro de Luís Rosa mas, na sexta-feira passada, ainda não o tinha lido.

Já Lobo Xavier, em declarações no programa da CNN Portugal Princípio da Incerteza, saiu em defesa do primeiro-ministro e defendeu que a "conversa relatada no livro não bate certo com os atos" de António Costa. Lobo Xavier disse ainda que vai testemunhar a favor do primeiro-ministro.

Pacheco Pereira, também no Princípio da Incerteza, falou em "padrão de ajuste de contas" de Carlos Costa, e a ex-ministra socialista Alexandra Leitão criticou a "leviandade" nas suspeitas".

Já esta terça-feira, o sócio da angolana Isabel dos Santos, Fernando Telles, disse que há informação “falsa” sobre si no livro do ex-governador do Banco de Portugal Carlos Costa e ameaça recorrer a todos “o meios” para repor a verdade.  "Direito de Resposta" é o título do comunicado emitido esta terça-feira pelo empresário, no qual afirma que foi "administrador não executivo do Banco Bic Português [Eurobic] de 2008 a 24 de novembro de 2020", garantindo que aquela "informação é pública" porque consta dos "relatórios do Banco Bic Português".

Assim, conclui Fernando Telles, "a narrativa de Carlos Costa, no seu livro, de que não foi [ele, empresário] nomeado em 2016 é falsa e ou se retrata ou reserva-se no direito de repor a verdade e o seu bom nome por todos os meios que entenda adequados". O que Fernando Telles quer dizer é que, a partir de 2016, continuou a ser nomeado como administrador.

O próprio autor do livro, o jornalista Luís Rosa, também já garantiu na CNN Portugal, na sexta-feira passada, que não tem "qualquer dúvida" da revelação polémica de Carlos Costa e convidou mesmo o primeiro-ministro a processá-lo. 

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