Costa diz que “Portugal é o parceiro comercial certo” para transição verde e digital - TVI

Costa diz que “Portugal é o parceiro comercial certo” para transição verde e digital

  • Agência Lusa
  • PP (atualizado às 23:12)
  • 29 mai 2022, 20:50

O primeiro-ministro assegurou hoje que “Portugal é o parceiro comercial certo para os desafios e a oportunidade” das transições climática e digital, devido à sua aposta nas energias energéticas, mas também à centralidade ganha pelas interconexões digitais

O primeiro-ministro assegurou este domingo que “Portugal é o parceiro comercial certo para os desafios e a oportunidade” das transições climática e digital, devido à sua aposta nas energias energéticas, mas também à centralidade ganha pelas interconexões digitais.

“O futuro [da indústria] depende da nossa capacidade para enfrentar os desafios e aproveitar as oportunidades da dupla transição verde e digital. A pandemia [de covid-19], primeiro, e a terrível guerra desencadeada pela Rússia contra a Ucrânia, agora, mostraram-nos que não há outra escolha a não ser acelerarmos esta dupla transição”, declarou António Costa na cerimónia de abertura da feira de Hannover, que escolheu este ano Portugal como país parceiro, e que decorreu hoje no Centro de Congressos daquela cidade alemã.

Com o chanceler alemão, Olaf Scholz, e milhares de empresários alemães a ouvi-lo na plateia, António Costa começou por abordar a transição verde para referir que o investimento português nessa matéria “começou há muito tempo”.

“Por isso, não ficámos surpreendidos quando a Comissão Europeia posicionou Portugal como o país da União mais bem preparado para cumprir os objetivos climáticos de 2030. As energias renováveis representam já 58% da nossa produção de eletricidade e estamos comprometidos em atingir os 80% até 2026. Somos uma referência mundial em soluções de engenharia verde”, indicou.

O primeiro-ministro referiu ainda que “o ‘pipeline’ de novos investimentos cresce todos os dias, em particular com o hidrogénio verde na linha da frente”.

“Estamos a implementar novas soluções no porto de Sines, para assim contribuirmos para a segurança e diversificação das fontes de fornecimento de energia a toda a Europa. E, a médio prazo, tendo em conta a nossa destacada posição de partida, as nossas excelentes condições naturais e as interconexões planeadas, Portugal será um grande exportador de hidrogénio verde”, acrescentou.

No que se refere à transição digital, o chefe de executivo garantiu que Portugal “ganhou uma nova centralidade” através do “cabo submarino EllaLink”, que “amarrou na costa portuguesa ligando a Europa à América do Sul”, mas também através do cabo Equiano que chegou “há apenas alguns dias” a Portugal para ligar a Europa à África do Sul e do cabo ‘To Africa’ que, no próximo ano, “assegurará a partir de Portugal a ligação da Europa à Ásia”.

“Numa palavra, Portugal está ligado através de cabos submarinos diretos a todos os continentes e ainda ao Reino Unido. Isto traduz-se em ligações de alta qualidade, rápidas, estáveis e seguras, que atraem centros de dados e outras empresas digitais”, sublinhou.

O primeiro-ministro referiu ainda que, para além das infraestruturas, Portugal tem a “terceira maior taxa de licenciados de engenharia da Europa”, um “ecossistema dinâmica de inovação que atrai centros de investigação, de desenvolvimento e de serviços de todo o mundo”, tendo o número “duplicado nos últimos seis anos”.

“Em Portugal, dispomos de centros de inovação digital e de zonas livres tecnológicas para testes e demonstração de novas tecnologias. Produzimos componentes fundamentais para indústria de ‘microchips’ e desenvolvemos tecnologias de produção inovadoras nos campos de fabrico inteligente, de inteligência artificial e da Internet das coisas”, referiu.

O primeiro-ministro dirigiu-se, assim, aos empresários para referir que, na feira de Hannover, poderão conhecer o “dinâmico ecossistema digital” português, assim como as suas “tecnologias de produção mais inovadoras”.

Com o ‘slogan’ “Portugal faz sentido”, a Hannover Messe’22 – considerada a maior feira de indústria do mundo – começou hoje e termina na quinta-feira, tendo escolhido Portugal como país parceiro para a edição deste ano.

Costa diz que Portugal é “destino certo” na atual conjuntura internacional

O primeiro-ministro defendeu ainda que Portugal é o “destino certo” para investimentos na atual conjuntura internacional, afirmando que o país é o “quarto mais seguro do mundo”, tem uma “notável estabilidade política” e “forte coesão social”.

“Na atual conjuntura, quando o imperativo de encurtar cadeias de valor está a mobilizar as empresas europeias para relocalizarem na Europa parte da sua produção ‘offshore’ e parte das suas importações não europeias, Portugal é um destino certo”, declarou António Costa na cerimónia de abertura da feira de Hannover.

O primeiro-ministro exemplificou a sua afirmação com o caso da “indústria de moldes”, onde “mais de metade das exportações” são “provenientes de países asiáticos”.

“Na Alemanha, só a China é responsável por 38% das importações de moldes. Num momento em que muitos importadores procuram agora um parceiro no espaço europeu, convido-vos a olhar para Portugal. Temos ‘know-how’ e a capacidade, somos o oitavo exportador mundial de moldes, o terceiro na Europa e exportamos 85% da nossa produção”, referiu.

António Costa prosseguiu, referindo que Portugal oferece “toda a gama de serviços e produtos de molde”, adaptando-se “às necessidades dos clientes” e estando “constantemente a inovar, trabalhando com 50 centros de inovação e universidades”.

“Estamos muito mais próximos do fuso horário alemão, o que permite interações comerciais muito mais eficientes, e temos excelentes infraestruturas de transporte. A proximidade geográfica permite estar em Portugal em poucas horas e contar com prazos de entrega rápidos e fiáveis”, continuou.

Além disso, o primeiro-ministro acrescentou que Portugal apresenta “características altamente valorizadas nestes tempos de incerteza”, designadamente “os valores de segurança, estabilidade e valores comuns”, que partilha com a Alemanha.

“Somos, nos ‘rankings’ internacionais, classificados como o quarto país mais seguro do mundo, com uma notável estabilidade política e uma forte coesão social. Segundo a Comissão Europeia, somos o país da União Europeia com maior crescimento em 2022, com a inflação mais baixa durante este ano”, referiu.

No aspeto económico, Costa referiu ainda que Portugal tem “fortes perspetivas de crescimento futuro, num contexto de responsabilidade orçamental e de finanças públicas sólidas”.

“E, partilhamos com a Alemanha uma visão comum para a Europa, de prosperidade partilhada, de empregos de alta qualidade onde ninguém é deixado para trás”, acrescentou.

Retomando o exemplo da indústria dos moldes, o primeiro-ministro referiu que, em Portugal, existem “mais de 750 produtores de moldes de alta qualidade”, alguns deles marcando presença na feira de Hannover, e convidando os empresários alemães a “conhecerem e fazerem novas parcerias”.

“Além da indústria dos moldes, há outras fileiras de excelência que trazemos para esta edição da feira de Hannover e que merecem a vossa visita: a engenharia mecânica e ferramentas, metalurgia, mobilidade e automóvel, aeronáutica e espaço, têxteis, plásticos técnicos, tecnologias de produção e energias renováveis. Tudo aqui, num só lugar, para que possamos construir juntos o futuro da indústria”, realçou.

Scholz considera Portugal um “parceiro interessante” no hidrogénio verde

O chanceler alemão, Olaf Scholz, considerou também que Portugal é um “parceiro interessante” na área do hidrogénio verde e convergiu com o primeiro-ministro português, António Costa, quanto à necessidade de haver “mais cooperação internacional”.

Olaf Scholz referiu que, durante a presidência alemã do G7, que começou em janeiro, pretende “criar um clube internacional do clima, que ficará aberto para todos os países que concordam em alguns padrões mínimos para a proteção do ambiente”.

O chanceler afirmou que, no que se refere à área climática, os parceiros internacionais avançam “de forma mais rápida” se trabalharem juntos e defendeu a necessidade de se "aprofundarem projetos de cooperação, por exemplo no que se refere ao hidrogénio verde”.

“Nesta área, Portugal é um parceiro interessante. Trata-se de um potencial que eu e o primeiro-ministro Costa iremos certamente abordar em detalhe hoje e amanhã [segunda-feira]. Se há uma resposta aos principais desafios da nossa era, ela é: juntos. Juntos, iremos defender a ordem internacional contra a agressão de Putin, ao mantermo-nos juntos, com nossos parceiros e amigos, tal como os nossos dois países já o estão a fazer, António”, afirmou, dirigindo-se ao chefe do executivo português, que o ouvia na plateia.

Scholz sustentou que é necessária “mais cooperação internacional” e considerou "perigoso" enveredar pelo caminho proposto por quem considera que “o declínio nas relações internacionais” é “desejável” e que o conceito de “desglobalização” é apropriado para a era moderna.

“Penso que se trata de um caminho perigoso, e não apenas porque a Alemanha e a Europa beneficiam de mercados abertos e do comércio livre, mas porque a divisão internacional do trabalho e a transferência global de conhecimento tem conduzido a uma maior prosperidade nos últimos anos”, referiu.

Apresentando estatísticas, Scholz disse que a “proporção de pessoas a viver em pobreza extrema nos últimos 40 anos passou de 40% para menos de 10% e, até ao início da pandemia [de covid-19], cerca de 50 milhões passavam anualmente a pertencer à classe média mundial”.

“Quando as pessoas falam em ‘decoupling’ ou em ‘desglobalizar’, não devemos esquecer [estas estatísticas]. E mais: nenhum dos grandes desafios que enfrentamos a nível internacional podem ser vencidos a nível individual”, reforçou, exemplificando com o combate às alterações climáticas.

Intervindo antes do chanceler alemão, o primeiro-ministro português considerou que o atual momento é de “mudança”, com a redefinição do “modelo de crescimento europeu”, mas sublinhou que, para Portugal, a autonomia estratégica da União Europeia não pode significar fechar-se “ao comércio externo” ou esquecer “a importância, não apenas económica, das ligações entre todos os países do mundo”.

“Significa, isso sim, que temos de agir para garantir cadeias de valor mais sustentáveis, mais seguras, e que potenciem a União Europeia num mundo globalizado. Este não é tempo de ‘desglobalizar’, este é tempo de organizar melhor o mercado global”, sustentou.

Nesse sentido, o primeiro-ministro considerou ser “fundamental” a conclusão de acordos comerciais que estão a ser negociados pela União Europeia, “designadamente o mais potente de todos, aquele que ligará a União Europeia ao Mercosul”.

“Este é, por isso, um momento de densificar os laços entre as nossas indústrias e de aproveitar o potencial de trabalho conjunto entre grandes empresas e pequenas e médias empresas, tanto em Portugal como na Alemanha. Estes laços já provaram ser mutuamente benéficos, e continuarão a sê-lo no futuro”, concluiu.

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