“Chega foi o que o Chega é”. Costa desvaloriza, mas critica: “não tem respeito pelas instituições, não se sabe comportar civilizadamente à mesa da democracia e não sabe respeitar a nossa História” - TVI

“Chega foi o que o Chega é”. Costa desvaloriza, mas critica: “não tem respeito pelas instituições, não se sabe comportar civilizadamente à mesa da democracia e não sabe respeitar a nossa História”

  • Agência Lusa
  • DCT
  • 25 abr 2023, 18:50

Para António Costa, o Chega “é mesmo uma exceção”, e “um dos piores perigos que existe para o futuro da democracia é o excesso de representação mediática e o excesso de atenção de quem não tem essa representação popular”.

O primeiro-ministro considerou esta terça-feira que o Presidente da República demonstrou na sessão parlamentar do 25 de Abril que não se deixar condicionar pelo ruído do Chega e criticou a atenção mediática dada a esse partido “ultraminoritário”.

António Costa fez este elogio a Marcelo Rebelo de Sousa nos festejos do 25 de Abril na residência oficial do primeiro-ministro, depois de ter inaugurado juntamente com o presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, e do ministro da Cultura, Pedro Adão e Silva, nos jardins do Palacete de São Bento, uma escultura de Rui Chaves, intitulada “Semente”.

Na sessão solene do 25 de Abril na Assembleia da República, na perspetiva de António Costa, “houve quatro notáveis discursos”: o de Marcelo Rebelo de Sousa, dois de Augusto Santos Silva e o do Presidente do Brasil, Lula da Silva.

O líder do executivo, porém, apenas se referiu particularmente ao discurso do chefe de Estado português.

“O discurso do Presidente da República foi muito pedagógico, porque demonstrou que uma pessoa da direita democrática, do centro-direita, não se tem que deixar condicionar, limitar, nem na atitude, nem nas palavras, nem no vocabulário, nem no discurso, por aquilo que é o ruidismo gerado pelo Chega. Demonstrou bem que, felizmente em Portugal, temos não só uma esquerda democrática, como temos uma direita democrática que preenchem a esmagadora maioria do espaço político nacional”, apontou.

Para António Costa, o Chega “é mesmo uma exceção”, e “um dos piores perigos que existe para o futuro da democracia é o excesso de representação mediática e o excesso de atenção de quem não tem essa representação popular”.

A seguir, o primeiro-ministro foi ainda mais detalhado neste ponto relativo aos critérios mediáticos seguidos no país.

“Eu não tenho nenhum canal de televisão, não tenho nenhuma rádio ou jornal. Quem lhes dá visibilidade? São as televisões, as rádios, os jornais ou é o primeiro-ministro? Os senhores é que lhes dão visibilidade”, concluiu.

António Costa disse que nos próximos dias estas suas palavras deverão ser seguramente criticadas no espaço mediático, mas repetiu as críticas.

“Vão entreter-se a bater-me nos próximos dias. Mas dão-lhes mesmo uma atenção desproporcionada àquilo que eles [Chega] representam na nossa vida coletiva”, insistiu em nova referência à comunicação social.

Num comentário sobre os protestos do Chega em relação à presença do Presidente do Brasil na Assembleia da República, o primeiro-ministro lamentou a existência “de uma ultra minoria que precisou de fazer barulho para suplantar em ruído a falta de representação popular que efetivamente tem”.

“A representação parlamentar não resulta do barulho que se faz ao bater na mesa, resulta dos votos. O Chega não é regra e felizmente é só exceção”, no panorama político nacional, sustentou.

António Costa recusou a ideia de que o Chega, hoje, na sessão de boas-vindas ao Presidente do Brasil, tenha tido um ato falhado, contrapondo que “o Chega foi o que o Chega é”.

“Demonstrou que não tem respeito pelas instituições, não se sabe comportar civilizadamente à mesa da democracia e não sabe respeitar a nossa História e a nossa relação com os nossos povos irmãos. Quem é patriota sabe que uma das maiores riquezas que Portugal tem é a sua língua – uma língua que deixou de ser a dos nossos 15 milhões de portugueses que vivem no país e fora do país, mas que, designadamente, graças ao Brasil, é a quinta mais falada no mundo”, assinalou.

Para o primeiro-ministro, “qualquer patriota português deve perceber que o Brasil é mesmo o nosso irmão mais velho – irmão que temos de acarinhar, respeitar e agradecer a parceria que tem connosco há 200 anos”.

“Temos mesmo uma relação muito especial com o Brasil e quem não compreende isto pode invocar tudo menos o seu amor a Portugal e o seu patriotismo”, acrescentou.

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