A Rússia está com dificuldade em escoar gás natural liquefeito (GNL) do seu terminal Arctic LNG 2, avança o Financial Times.
A publicação britânica escreve que as sanções decretadas o ano passado pelos Estados Unidos contra o próprio projeto, e em agosto deste ano contra a “frota-fantasma” de navios ao serviço da Rússia, estão a afastar potenciais compradores do GNL proveniente do Arctic LNG 2.
De acordo com dados e imagens de satélite visualizados pelo jornal, apenas três navios transportaram GNL a partir do terminal no último mês, sendo que um deles, o Everest Energy, descarregou a mercadoria na Samm FSU, uma unidade de armazenamento de gás em Murmansk, estando já de regresso ao terminal.
Os outros dois navios, o Pioneer e o Asya Energy, também não conseguiram entregar o gás a um comprador, sendo que os carregamentos permanecem no Mediterrâneo Oriental, no caso do Pioneer, e na Saam FSU, no caso do Asya Energy.
O Arctic LNG 2, apresentado pela petrolífera russa Novatek em 2017 e um dos grandes projetos recentes do reinado de Vladimir Putin, deveria representar, após a conclusão total das obras, cerca de um quinto dos 100 milhões de toneladas de GNL que a Rússia pretende produzir em 2030. A conclusão do projeto estava agendada para 2025, mas as sanções atrasaram o fim da construção até, pelo menos, julho de 2026. O custo estimado inicial era de 19 mil milhões de euros, mas o orçamento já derrapou para os 22,5 mil milhões de euros.
O Financial Times afirma que as exportações marítimas de GNL são uma fonte importante de rendimento para o Kremlin em altura de guerra, mas não tão substancial quanto o transporte por gasoduto.
Especialistas alertam, contudo, que será difícil que o GNL produzido naquele terminal não seja comprado por países não-ocidentais. “A história das sanções no domínio da energia diz-nos que alguém estará disposto a assumir o risco e a importar esses volumes”, diz ao Financial Times Francis Bond, especialista em sanções na firma de advogados Macfarlanes.
Ainda assim, o cenário não seria o ideal para a Rússia uma vez que, tal como com o petróleo, os compradores iriam pedir descontos avultados no momento da aquisição.