"Pensei: vou morrer, é agora, é o meu fim". Passageiro que viajava ao lado do homem que abriu a porta do avião conta o que aconteceu - TVI

"Pensei: vou morrer, é agora, é o meu fim". Passageiro que viajava ao lado do homem que abriu a porta do avião conta o que aconteceu

  • CNN
  • Paula Hancocks
  • 9 jun 2023, 15:16

Estava a ver vídeos no YouTube no seu telemóvel quando a porta se abriu e foi atingido por um vento intenso, que lhe arrancou o chapéu e os auscultadores e lhe dificultou a respiração

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Costuma pensar que se senta sempre no lugar errado quando viaja de avião? Então imagine Lee Yoon-jun.

O homem que estava sentado ao seu lado num voo da Asiana Airlines abriu, alegadamente, a porta de emergência do avião - quando este ainda estava no ar.

"Senti o horror da morte. Pensei: vou morrer, é agora, é o meu fim", recorda Lee da sua experiência arrepiante no que era suposto ser um voo de rotina de menos de uma hora de Jeju para Daegu, na Coreia do Sul, no mês passado.

"Nos filmes de catástrofes, toda a gente parece morrer quando uma porta se abre no ar. Perguntei-me que mal teria feito na minha vida. Foi apenas um momento fugaz, mas tive tantos pensamentos", acrescenta.

Estava a ver vídeo no YouTube no seu telemóvel quando a porta se abriu e foi atingido por um vento intenso, que lhe arrancou o chapéu e os auscultadores e lhe dificultou a respiração.

Ao olhar para cima, viu nuvens onde deveria estar a porta de emergência. O avião estava a aterrar, mas ainda estava a 213 metros de altitude.

Para Lee, a desgraça iminente parecia certa.

Olhando para o homem sentado ao seu lado, Lee reparou que ele "parecia tenso" e que ambos "tremiam de medo".

Imagens do interior do avião da Asiana Airlines mostram o momento aterrador em que a porta se abriu ainda no ar. @rainbowmach1/Twitter

"Quando olhei para baixo, reparei que os pés dele estavam a balançar ao vento", conta Lee.

No entanto, nessa altura, não sabia que o passageiro do lado viria a ser responsabilizado.

Lee diz que não viu o homem abrir a porta. Inicialmente, pensou que se tratava de uma avaria técnica.

Mas assim que as rodas do avião atingiram o solo, o homem ao seu lado pareceu tentar saltar do avião ainda em movimento. Lee presumiu que ele estava a ter um ataque de pânico.

"Enquanto olhava para a assistente de bordo, ouvi o som de alguém ao meu lado a desapertar o cinto de segurança e apercebi-me de que essa pessoa estava inclinada para a saída de emergência."

Lee diz que dominou o homem, ajudado por outros passageiros, enquanto a assistente de bordo pedia ajuda.

Só mais tarde é que Lee se apercebeu do que estava realmente a acontecer.

Depois de o avião ter aterrado no aeroporto, a polícia deteve um homem na casa dos 30 anos por suspeita de violação das leis de segurança da aviação.

A polícia, que descreveu o homem como apresentando problemas psicológicos, disse que ele lhes tinha dito que se tinha sentido sufocado e que queria sair rapidamente do avião.

Lee diz que, olhando para trás, se sentiu desconfortável sentado ao seu lado durante todo o voo. "Desde o momento em que entrou no avião, estava pálido e transmitia uma má sensação. Parecia um pouco sombrio, estava sempre a mexer-se, a olhar para as pessoas e a agir de forma estranha."

Dos 200 passageiros que o avião transportava, nenhum ficou gravemente ferido - embora nove tenham sofrido de hiperventilação, um resultado relativamente benigno dada a gravidade da situação.

Passageiros feridos da Asiana Airlines são levados para o hospital de Daegu depois de uma porta do avião se ter aberto em pleno ar. Bombeiros de Daegu

Segundo a Asiana Airlines, prosseguem as investigações sobre o incidente, nomeadamente sobre a forma como o homem conseguiu abrir a porta enquanto o avião ainda estava a voar.

A Airbus, fabricante do avião, declarou na altura, em comunicado, estar "a investigar as circunstâncias do incidente". "Normalmente, as portas dos aviões só podem ser abertas após a aterragem", sublinhou desde logo.

Lee diz não ter tido notícias da Asiana Airlines desde o incidente.

Mas sente que lhe foi dada uma segunda oportunidade na vida.

"Sinto-me como se tivesse nascido de novo, estou a tentar divertir-me mais e viver de forma mais interessante. Estou a gostar", conta. Lee confessa que também está a gostar de ser visto como um herói por ter impedido o passageiro de saltar do avião.

"De repente, tornei-me uma celebridade temporária. Sempre que estou com os meus amigos, refiro-me a mim próprio, a brincar, como uma celebridade", brinca Lee.

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