O Ministério da Defesa do Azerbaijão anunciou ter iniciado operações “antiterroristas” na região separatista de Nagorno-Karabakh, sob controlo arménio. A operação surge horas depois de seis pessoas terem morrido na explosão de minas e visa "suprimir as provocações em grande escala" e expulsar o que dizem serem tropas arménias. O Azerbaijão insistiu que não tinha como alvo civis ou instalações civis.
Apesar disso, o provedor dos direitos humanos dos separatistas de Karabakh, Gegham Stepanyan, já veio afirmar "múltiplas vítimas" entre a população civil de Karabakh.
O ministério referiu que as posições das forças arménias estavam “a ser desativadas com armas de alta precisão na linha de frente e em profundidade”. O Azerbaijão disse ainda ter informado a Rússia e a Turquia da operação em Nagorno-Karabakh.
Sirenes de ataque aéreo foram ativadas em Stepanakert, a capital de facto do estado não reconhecido, informaram os meios de comunicação locais.
❗️❗️❗️BREAKING
— CIVILNET (@CivilNetTV) September 19, 2023
Air raid sirens are heard across Stepanakert.
According to @CivilNetTV's Artsakh team, the sounds of Azerbaijani artillery can be heard from the city, but it is not known from which direction the shots are coming. pic.twitter.com/cYLXH0cgyL
O ministério da Defesa Arménia tinha afirmado que as alegações de fogo arménio não correspondiam à realidade e que a situação junto à fronteira está "estável". Mas, entretanto, o ministério dos Negócios Estrangeiros já admitiu que Baku está a realizar "uma agressão em grande escala" em Karabakh. A Arménia apela à intervenção das forças de manutenção da paz do Conselho de Segurança da ONU e da Rússia para travarem o ataque do Azerbaikão.
A escalada militar na região já foi condenada por Josep Borrell, alto representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros e a Política de Segurança, que apelou ao Azerbaijão para que ponha fim à operação militar.
Também a Rússia apelou ao Azerbaijão e à Arménia para que ponham “fim ao derramamento de sangue” em Nagorno-Karabakh: “A parte russa apela urgentemente ao fim do derramamento de sangue (...) e ao regresso a uma solução pacífica”, disse a porta-voz da diplomacia russa, Maria Zakharova, aos jornalistas em Moscovo. “Todas as etapas de uma solução pacífica estão definidas nos acordos assinados em 2020 e 2022”, disse Zakharova, citada pela agência francesa AFP.
Zakharova expressou a “profunda preocupação” da Rússia com a escalada da violência no território do Azerbaijão de maioria arménia. “Para resolver a situação (...) temos de respeitar tudo o que foi acordado, evitar provocar a situação, trabalhar para a acalmar e resolver, e mostrar responsabilidade no cumprimento dos nossos compromissos”, declarou. A porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros acrescentou que as forças russas destacadas na região estão em contacto permanente com as duas partes para conseguir um cessar-fogo, segundo a agência espanhola EFE.
As tensões têm sido elevadas há meses em torno do enclave étnico arménio, reconhecido internacionalmente como parte do Azerbaijão.
Os dois vizinhos, o Azerbaijão e a Arménia, entraram em guerra duas vezes por causa de Nagorno-Karabakh, primeiro no início da década de 1990, após a queda da União Soviética, e novamente em 2020. Desde dezembro, o Azerbaijão está a bloquear na única rota da Arménia para o enclave, conhecida como Corredor de Lachin.
Esta terça-feira, o Ministério da Defesa em Baku acusou as forças arménias de "bombardeamentos sistemáticos" de posições militares e disse que tinha respondido lançando "atividades anti-terroristas" na região.