As famílias continuam a retirar as suas poupanças dos bancos. De acordo com dados do Banco de Portugal divulgados esta terça-feira, o stock de depósitos caiu 1,7% em março, para 174,8 mil milhões de euros. É o valor mais baixo desde março de 2022.
Há três meses consecutivos que o volume de depósitos está a cair. Desde o início do ano, a banca perdeu mais de 7,6 mil milhões de euros de depósitos.
Só em março, os bancos registaram a saída de 3 mil milhões de euros, foi o valor mensal mais elevado desde 1980 (início da série do Banco de Portugal).
Segundo o Banco de Portugal, “relativamente a março de 2022, os depósitos de particulares nos bancos residentes decresceram 0,3%. Esta taxa de variação anual negativa traduz uma redução dos depósitos, o que já não acontecia desde 2017″.
A pressionar os depósitos têm estado os Certificados de Aforro que, só em março, registaram um aumento do stock em 3.549 milhões de euros, mais 14,1% face a fevereiro, contabilizando no final de março 28,6 mil milhões de euros.
Só no primeiro trimestre deste ano, as famílias aplicaram mais de 9 mil milhões de euros das suas poupanças em Certificados de Aforro, cerca de 60 vezes mais do que os 150 milhões de euros registados no primeiro trimestre de 2022.
A sustentar este comportamento está a ainda disparidade da taxa de remuneração entre os Certificados de Aforro e os depósitos.
Enquanto os títulos de dívida do Estado desenhados para o retalho estão a pagar 3,5% desde março, os bancos continuam a pagar muito pouco pelos depósitos das famílias: em fevereiro (últimos dados disponíveis), a taxa de juro de novos depósitos a prazo dos particulares era de 0,65%.