Decisões do BCE vão “agravar desnecessariamente a próxima recessão”, critica Vítor Constâncio - TVI

Decisões do BCE vão “agravar desnecessariamente a próxima recessão”, critica Vítor Constâncio

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  • Joana Abrantes Gomes
  • 15 dez 2022, 17:35
Vítor Constâncio

Ex-governador do Banco de Portugal considera que as declarações de Christine Lagarde, de que as subidas das taxas de juro ainda vão continuar, se baseiam em previsões "controversas" da inflação

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Vítor Constâncio considera que as recentes decisões e previsões do Banco Central Europeu (BCE) apontam para uma “política excessivamente agressiva”, que irá “agravar desnecessariamente a próxima recessão”. Para o antigo governador do Banco de Portugal, as declarações de Christine Lagarde de que o aumento das taxas de juro não ficará pela nova subida, anunciada esta quinta-feira, baseiam-se em “previsões de inflação controversas”.

“Más notícias para as perspetivas da Zona Euro”, escreveu o economista, que foi vice-presidente do BCE durante a liderança de Mario Draghi, numa publicação na rede social Twitter depois do anúncio de um novo aumento das taxas de juro do euro em 50 pontos base.

O ex-governador do BdP deixa duras críticas às perspetivas do banco sediado em Frankfurt, que esta quinta-feira reviu significativamente em alta as suas estimativas para a inflação na Zona Euro. O BCE aponta agora para uma inflação média de 8,4% este ano e de 6,3% em 2023, em vez dos 5,5% antecipados há três meses. A previsão da inflação para 2024 salta de 2,3% em setembro, para 3,4% nas previsões atualizadas esta quinta-feira, empurrando os 2,3% para 2025 – valor já bastante próximo do objetivo de 2%.

“Partindo dos atuais 10%, obter uma média de 6,3% implica que, em dezembro de 2023, (a inflação) deverá estar a 3,x% (abaixo dos 4%). Nesse caso, o que pode explicar uma inflação de 3,4% para 2024 com os preços da energia a estabilizar?“, questiona Vítor Constâncio, numa outra publicação na mesma rede social.

Deste modo, o economista considera que as perspetivas resultantes de uma “linguagem e previsões tão agressivas”, caso se materializem em “decisões futuras compatíveis”, são “mais importantes” do que o aumento das taxas de juro anunciado esta quinta-feira e o início previsto da redução da carteira do programa de compra de ativos do BCE em cerca de 15 mil milhões de euros por mês a partir de março.

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