Ministro da Defesa britânico acusa príncipe Harry de se "gabar" do número de pessoas que matou no Afeganistão - TVI

Ministro da Defesa britânico acusa príncipe Harry de se "gabar" do número de pessoas que matou no Afeganistão

Ben Wallace (Associated Press)

Ben Wallace, que chegou a ser capitão da Guarda Escocesa, lembrou ainda que o sucesso de um militar nas forças armadas não é medido por "quem mais dispara ou não dispara"

O ministro da Defesa britânico, Ben Wallace, acusou o príncipe Harry de se "gabar" do número de pessoas que matou no Afeganistão. No livro de memórias "Na Sombra", Harry escreve que matou 25 pessoas no Afeganistão enquanto estava ao serviço do Exército Britânico, dizendo mesmo que os alvos nas linhas inimigas não eram vistos "como pessoas" mas como "peças de xadrez". 

Em entrevista à LBC Radio, citada pelo The Guardian, Wallace, ex-militar, critica as palavras do duque de Sussex, dizendo que no lugar de Harry esta não era uma informação que ele tivesse divulgado.

"As forças armadas não se trata de uma contagem. Penso francamente que vangloriar-se  ... distorce o facto de o exército ser um jogo de equipa", afirmou Ben Wallace, que chegou a ser capitão da Guarda Escocesa, acrescentando que o sucesso de um militar nas forças armadas não é medido por "quem mais dispara ou não dispara".

O ministro da Defesa lembrou ainda que quando se está ao serviço do exército está-se ao serviço de uma "equipa de empresa" e que qualquer militar que entre em combate é apoiado por "centenas de pessoas na retaguarda", estejam elas num quartel-general ou num corpo logístico.

"Se começarmos a falar sobre quem fez o quê, o que estamos realmente a fazer é desiludir todas essas outras pessoas porque não somos uma pessoa melhor porque fizemos algo que elas não fizeram", disse Wallace.

No livro de memórias, o príncipe Harry lembrou os tempos em que esteve no Afeganistão ao serviço do Exército Britânico, revelando as condições em que eram feitos os treinos e as missões. 

"Em condições de batalha, disparamos de forma indiscriminada frequentemente. No entanto, na era dos Apaches e dos computadores portáteis, tudo o que fiz no decurso de duas viagens de serviço foi registado e registado no tempo. Sempre soube dizer exatamente quantos combatentes inimigos tinha matado. E pareceu-me essencial para mim não ter medo desse número. Entre as muitas coisas que aprendi nas Forças Armadas, uma das mais importantes era ser responsável pelos meus próprios atos. Assim, o meu número: 25. Não era algo que me enchesse de satisfação, mas também não tinha vergonha. Naturalmente, teria preferido não ter esse número no meu currículo militar ou na minha cabeça, mas também teria preferido viver num mundo sem os talibãs, um mundo sem guerra. No entanto, mesmo para um praticante ocasional de pensamento positivo como eu, há realidades que não podem ser mudadas", escreve o duque de Sussex, que completou duas missões no Afeganistão, uma entre 2007 e 2008 e outra entre 2012 e 2013. 

O duque revela ainda que costumava assistir às imagens dos ataques quando regressava à base, que eram capturadas através das câmaras instaladas no nariz dos helicópteros Apache, e que no “barulho e confusão do combate” via aqueles que matava como os “bandidos eliminados antes que pudessem matar os bons”.

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