Martim Mayer, candidato à presidência do Benfica, apresentou um estudo elaborado pela sua equipa relativamente ao modelo de gestão do futebol dos encarnados, desde a formação à equipa principal.
Apesar de alguns pontos positivos que são destacados na análise recolhida por Mayer, existem muitos outros que o candidato acredita que requerem mais investimento.
O estudo salienta que o Benfica tem uma «formação de topo», é um clube com «ADN competitivo com bola e capacidade consistente de valorização de ativos».
O relatório do candidato às eleições do próximo dia 25 elogia ainda a afirmação de jogadores da casa na equipa A, a «continuidade de captação e desenvolvimento em vários escalões» e a maturidade competitiva dos treinadores e staff. O estudo encontrou uma «identidade competitiva clara», assente no «jogo por dentro, capacidade de controlar jogos e desenvolver perfis fortes em zonas interiores».
A análise de Mayer aponta também como positivo o histórico de transferências com jogadores «made in Seixal» e a forma como a academia das águias é vista no estrangeiro como «fábrica de talento pronta para contextos top», o que permite valorizar a marca e captar jogadores.
Jovens com poucos minutos na equipa A e outras lacunas
No entanto, o estudo apresentado por Mayer assegura que «existem lacunas críticas na composição, gestão e retenção de talento». A análise revela que os encarnados têm grande capacidade em formar centrais, médios e avançados interiores, mas dependem do mercado externo para jogadores de largura/extremos.
A análise concluiu ainda que «são poucos os que realmente conseguem ter minutos significativos na equipa A» e os «jogadores que mais valorizam são rapidamente vendidos».
Entre as principais críticas estão também as compras de jogadores, no que toca a «posições já cobertas pela formação», que levam ao «bloqueio de minutos a jovens e desperdício de investimento».
A comparação com os rivais (sobretudo o Sporting)
Os dados de Mayer revelam que, desde 2019, os jogadores do Benfica com valor de mercado acima de 10 milhões de euros jogaram em média apenas 58 jogos, ou seja, menos 37 partidas do que os jogadores do Sporting com a mesma valorização.
Também desde 2019, segundo a equipa de especialistas da Lista B, o Benfica comprou quase duas vezes mais jogadores acima dos seis milhões do que o Sporting. «Destas aquisições, 56 por cento perderam dinheiro (vs 29 por cento do Sporting)».
O impacto destes números reflete-se no desequilíbrio orçamental, muito por culpa da massa salarial dos encarnados. O estudo apresentado por Mayer conclui que, «desde 2020, o Benfica gastou mais 119 milhões de euros em salários do que o Sporting».
Puxando a fita atrás, o relatório destaca que, na década 2010, o «modelo moderno do Benfica resulta no domínio do futebol português». Contudo, nos últimos anos, FC Porto e Sporting acabaram com essa hegemonia e é «o Benfica que tem dificuldade em voltar a ganhar».
Posto isto, Mayer pretende continuar com a aposta na formação, «mas conquistando mercados internacionais e fazendo uma integração estratégica do talento». O candidato à presidência do Benfica defende que a equipa A deve permitir a integração de jovens da formação e ser reforçada via mercado, para maximizar o desempenho, de modo a obter resultados e aproximar-se dos adeptos.