A águia aterrou esta noite na Liga dos Campeões, ao fim de cinco jornadas, mas voltou a cair no caos em que tem andado mergulhada nesta temporada.
Na receção ao Inter de Milão, em jogo da quinta jornada, o Benfica empatou a três bolas, conquistou o primeiro ponto na Prova Milionária e, do mal o menos, manteve vivo o objetivo de seguir para a Liga Europa.
Do mal o menos porque a equipa de Roger Schmidt esteve a vencer por 3-0, depois de uma primeira parte do mais competente que já se viu esta temporada na Luz, mas acabou por permitir, de forma quase impensável, o empate na etapa complementar. Já lá vamos.
A confiança do(s) golo(s)
Schmidt manteve a equipa que tinha ido a jogo com o Famalicão, ainda sem Kökcü no meio-campo e com Casper Tengstedt, cada vez mais integrado, no ataque. E foi por aí que começou a bela primeira parte que os encarnados fizeram no relvado da Luz. Principalmente pela parceria do nórdico com João Mário.
É que foi essa parceria que construiu a vantagem «gorda» do Benfica na primeira parte: Tengstedt a servir – aqui e ali com a sorte de um ou outro ressalto – João Mário, em modo finalizar, a marcar.
Até porque do outro, Simone Inzaghi aproveitou o facto de o Inter já estar apurado para fazer algumas alterações no onze inicial: foram oito as caras novas face ao empate com a Juventus, na última jornada da Serie A.
E a primeira parte do Benfica, apesar de não ter sido brilhante, foi praticamente irrepreensível. Total eficácia no ataque e uma tranquilidade no momento sem bola que pouco se tem visto no conjunto de Schmidt esta temporada – aí, destaque para as exibições muito competentes de Florentino e João Neves.
A isto, obviamente, não é alheio o facto de o Benfica ter marcado cedo (5m) e de antes do quarto de hora do jogo já estar a vencer por 2-0. Aí, não há nada como a festa do golo para dar confiança.
A desconfiança do(s) golo(s)
Mas o golo serve as duas equipas em qualquer desporto com balizas, e se tanto deu às águias no primeiro tempo, quase tudo tirou na etapa complementar.
Isto porque o Benfica está longe de ser uma equipa com alicerces seguros, e qualquer contratempo serve para pôr dúvida na cabeça dos jogadores orientados por Roger Schmidt.
E quando Arnautovic reduziu para o Inter logo a abrir o segundo tempo, pairou logo aí, no Estádio da Luz, uma sensação de insegurança, pouco típica de uma equipa que ainda vencia por 3-1.
A águia voltou do intervalo menos concentrada, menos compacta e mais, bem mais adormecida. E o Inter, depois com a artilharia pesada, castigou.
Ao golo de Arnautovic seguiu-se, logo a seguir, o 3-2 de Frattessi, isto aos 58 minutos. Os nerazzurri cresceram, o Benfica não foi capaz de defender o jogo com bola e permitiu até que o mesmo se partisse. Tombou para o lado italiano.
Thuram e Lautaro ocuparam o ataque e foi em campo aberto que o avançado francês fez estragos, ao arrancar um penálti de Otamendi. Alexis Sánchez finalizou com sucesso aos 72 minutos e a Luz assistia, estupefacta, ao que parecia impensável há duas dezenas de minutos.
Muito coração, pouca cabeça, e António Silva castigado
O Benfica, ainda combalido dos três golpes quase de seguida, tentou reagir, mas mais com o coração do que com a cabeça. Muito mais, diga-se. E quando António Silva foi expulso já dentro dos dez minutos finais, pior ficou a situação.
Salvou-se um ponto – Barella ainda acertou no poste já nos descontos – numa exibição do Benfica que prometeu muito, mas que acabou no meio do caos que tem sido a época dos encarnados.
A boa notícia é que vai a Salzburgo ainda com hipóteses de lutar pelo objetivo da Liga Europa. Talvez esta fosse uma frase impensável no universo benfiquista há um par de meses, mas foi este o caminho que a águia trilhou até aqui.