O regresso ao Benfica, a rotina longe do futebol e a ambição do clube na Liga dos Campeões foram alguns dos pontos abordados por Bruno Lage. Em entrevista à UEFA, o treinador foi convidado ainda a escolher um cinco ideal e não esqueceu... o presidente Rui Costa.
«Se a memória não me atraiçoa, treinei cinco [vencedores da Champions]: quatro da formação do Benfica - Ederson, Cancelo, Bernardo Silva e Rúben Dias, e na presente época, o Di María. Olhando para um cinco ideal, não me posso esquecer do nosso presidente Rui Costa e do Cristiano Ronaldo. Como sou treinador de ataque, e até jogo com um guarda-redes que me marcou aqui golos quando jogava comigo nos sub-17, começo com o Ederson na baliza, mas também a jogar a defesa-central; Rúben Dias como defesa; número 10, o maestro Rui Costa a jogar no meio-campo; e depois, dois homens na frente, Cristiano Ronaldo e Di María. Vou optar por estes. Sou treinador de ataque, vou optar por estes cinco, mas com um enorme orgulho na carreira dos meninos que saíram daqui, que jogaram na equipa principal e que venceram a Liga dos Campeões», começou por dizer.
O técnico, de 48 anos, foi o escolhido pela direção das águias para suceder a Roger Schmidt. Lage encara o regresso à Luz como a oportunidade para «fazer um fim diferente e voltar a conquistar títulos pelo Benfica».
«Senti-me com orgulho, com um enorme orgulho. Meses antes, eu tinha dado uma entrevista em que mencionei exatamente esse facto, de sentir que a minha história no Benfica merecia outro fim. E quis o destino que essa oportunidade voltasse a surgir, por isso foi com muito orgulho que recebi o convite, e é com enorme ambição que aqui estou para realmente fazer um fim diferente e voltar a conquistar títulos pelo Benfica», defendeu.
Antes de voltar aos encarnados, Bruno Lage esteve sem treinador vários meses após ter saída do Botafogo. O treinador explicou de que forma ocupou o tempo durante esse período e partilhou uma regra que estabeleceu com os filhos.
«Longe dos treinos, não do futebol. A nossa profissão a isso obriga. Enquanto estive fora, até por opção, recebi alguns convites com os quais me senti muito honrado, mas senti que em determinada altura tinha de esperar pelo projeto certo. E assim aconteceu. Um projeto que estimulasse o melhor de mim, que me proporcionasse voltar a colocar uma equipa a jogar o jogo que eu gosto, e, claro, com a ambição de vencer títulos. E, nesse período, estabeleci uma regra - porque já tenho dois meninos [filhos], um com nove, que é o Jaime, e o Manuel com quatro anos - em que durante o fim de semana não haveria futebol, porque a minha concentração e o tempo disponível seria para eles, mas que de segunda a sexta-feira, aí, sim, com eles na escola, eu poderia ter o tempo que eu gosto de ter para fazer diversas coisas», esclareceu.
«Uma delas é olhar para os jogos que me interessam, que passaram durante o fim de semana, em função do resultado, ou do sistema, ou do treinador, ou de como é que o jogo decorreu, e poder observá-lo durante a semana com mais calma e perceber o que é que se pode ter passado naqueles jogos. São sempre situações muito interessantes. Gosto também de ter algum tempo para olhar para aquilo que foi feito no passado, fundamentalmente à nossa forma de treinar, a exercícios, como é que podemos melhorar. Gosto muito de ler e ver documentários sobre aquilo que são dinâmicas de equipa, por isso confesso que vi muitos documentários sobre dinâmicas de equipa de outros desportos, não só do futebol. Acabei por ler muita, muita coisa sobre futebol, sobre estratégia, sobre comunicação, sobre liderança, enfim… Foi um tempo muito bem preenchido, e quando não estamos a trabalhar diretamente no futebol temos de o saber preencher. Uma coisa que também foi interessante foi nós, enquanto equipa técnica, criarmos uma dinâmica de nos encontrarmos mais vezes e podermos discutir situações sobre tudo noutro ambiente, ou a praticar desporto, ou num almoço, onde podemos ter a capacidade de trazer para a mesa assuntos interessantes e poder discuti-los. Isso foi também um momento para nós estarmos mais juntos enquanto equipa técnica», acrescentou.
Questionado acerca das ambições do Benfica na Champions, Lage traçou como objetivo chegar à fase seguinte. «Estamos há um mês à frente da equipa. A equipa tem vindo a crescer naquilo que nós acreditamos que é a forma... não direi que é a certa mas aquela que nós mais gostamos, e que sinto que os nossos adeptos gostam. Por isso, não é num mês que se vai criar uma dinâmica na sua perfeição, mas a nossa ambição para aí caminha, e aquilo que nós pretendemos nesta competição – porque o nosso passado, quer o longínquo, quer o recente, assim o obriga – é pensar em passar à fase seguinte. E esse, neste momento, é o nosso grande objetivo e o nosso grande foco nesta competição», atirou.