Uns são velhos conhecidos, outros uma incógnita: como jogam os adversários do Benfica - TVI

Uns são velhos conhecidos, outros uma incógnita: como jogam os adversários do Benfica

Jogo-treino entre o Benfica e os Tampa Bay Rowdies (Foto: X/SL Benfica)

Boca Juniors é o principal rival dos encarnados no Grupo C, mas atravessa uma crise de identidade, que vai além do campo. Bayern e Auckland City são opostos: alemães vêm dominar, neozelandeses tiraram férias dos trabalhos e terão de esperar um milagre para evitarem goleadas

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O sucesso da participação do Benfica no Mundial de Clubes vai depender, em grande medida, daquilo que fizer diante do Boca Juniors. O Bayern Munique é o gigante do Grupo C e os encarnados terão de lutar, teoricamente, pelo segundo posto com os xeneizes. Amadores (são mesmo), os pupilos do Auckland City têm o destino traçado à partida.

A equipa de Bruno Lage arranca a prova a 16 de junho, logo diante do Boca (23h00). Quatro dias depois, tem o duelo mais fácil, diante dos neozelandeses (17h00), e fecha no dia 24, com o Bayern (20h00).

Venha daí perceber quem são, como jogam e os principais destaques dos adversários do Benfica, com ajuda em gráfico do SofaScore.

BOCA JUNIORS

O Bayern Munique é o claro favorito a vencer o Grupo C, o que aumenta a importância da primeira jornada para Benfica e Boca Juniors, os candidatos ao segundo lugar, que também dá acesso aos oitavos de final.

Se os encarnados não atravessam um bom momento, a equipa argentina está ainda mais na mó de baixo. A eliminação precoce na Libertadores e a derrota em abril no Superclássico com o River Plate custaram caro a Fernando Gago, que foi despedido. Miguel Ángel Russo foi o eleito por Juan Román Riquelme para assumir as rédeas da equipa no Mundial de Clubes, ele que estava no San Lorenzo e cumprirá a terceira passagem pelos xeneizes.

O Boca Juniors chega aos Estados Unidos após quatro jogos consecutivos sem vencer. No total, a equipa argentina somou 12 vitórias, quatro empates e cinco derrotas em 21 partidas em 2025. O Boca até tem uma média de golos sofridos inferior a um por jogo (0.67), mas marca pouco mais de um golo por encontro.

Apesar do momento de crise no campo, mas também na estrutura, com Riquelme a ser muito criticado, uma certeza que o Boca terá é que vai contar com muito apoio nos EUA.

Como joga o Boca Juniors?

A mudança de treinador complica a tarefa de tentar antecipar o que o conjunto da Bombonera vai fazer no Mundial de Clubes. Russo apostou no 4-2-3-1 no San Lorenzo, mas também poderá montar a equipa num 4-3-3.

O veterano técnico pertence à velha guarda e, por isso, não se espera uma equipa taticamente complexa, até pelo pouco tempo de trabalho com o novo treinador. No Boca Juniors deverá querer reunir as tropas e fazer valer-se do pragmatismo e organização para, depois, aproveitar os recursos que tem, nomeadamente o poderio físico do plantel e a capacidade técnica das armas ofensivas. Russo já garantiu que não vai abdicar de uma mentalidade ofensiva, ainda que reconheça que é preciso ser equilibrado e gerir o ritmo das partidas.

Embora acumule experiência, o Boca tem uma média de idades superior a 27 anos, enquanto a do plantel do Benfica está ligeiramente acima dos 23. A falta de velocidade dos argentinos, sobretudo no setor recuado, será certamente um ponto a explorar pelos comandados de Bruno Lage. A mobilidade dos avançados das águias poderá ser determinante.

Edison Cavani no Boca Juniors (AP Photo/Gustavo Garello)

Os jogadores a ter em conta

É impossível falar do Boca Juniors sem falar de Edinson Cavani. O avançado uruguaio, de 38 anos, tem sofrido com problemas físicos, mas dentro da área ainda mantém a veia matadora que demonstrou no futebol europeu – pese embora não se livre de algumas peripécias. Cavani, diga-se, continua a recuperar de uma lesão muscular no gémeo direito e é dúvida para o duelo com o Benfica.

Há outros nomes bem conhecidos do futebol português no plantel xeneize, como o guarda-redes ex-FC Porto Marchesín, o antigo defesa-central do Sporting Marcos Rojo, que é patrão da defesa, ou o ex-Benfica Cristian Lema (que ficou de fora da lista final), além do ex-Sporting Rodrigo Battaglia, agora adaptado a central.

O médio chileno Carlos Palacios é o pensador do jogo a meio-campo e o elemento mais criativo da equipa, daí merecer atenção redobrada.

Onze provável do Boca Juniors

Marchesín; Lucas Blondel, Rodrigo Battaglia, Marcos Rojo e Lautaro Blanco; Tomas Belmonte, Milton Delgado e Ander Herrera; Kevin Zenón, Miguel Merentiel e Milton Giménez.

AUCKLAND CITY

Os neozelandeses do Auckland City são vistos como a equipa mais fraca do Grupo C, mas também a pior de toda a competição.

Fundado em 2004, venceu a liga neozelandesa logo no primeiro ano. Trata-se de uma equipa amadora que conquistou uma vaga no Mundial de Clubes por ter sido o clube com melhor ranking na Oceânia, isto porque venceu a Champions em 2022, 2023 e 2024. De resto, os Navy Blues conquistaram esse título 13 vezes em 18 anos e já somam 11 participações em Mundiais de Clubes – no antigo formato – tendo um terceiro lugar, em 2014, como melhor resultado, quando levaram a melhor nos penálti sobre os mexicanos do Cruz Azul.

O clube costuma ter entre algumas centenas a um ou dois milhares de adeptos por jogo.

Como joga o Auckland City?

Dada a enorme diferença de nível competitivo entre o Auckland City e as restantes equipas do grupo, tentar jogar no Mundial de Clubes como faz na competição doméstica ou até mesmo na Champions da Oceânia – futebol ofensivo e assente na posse de bola – é uma utopia para a equipa neozelandesa.

O treinador Paul Posa, responsável pelo terceiro lugar em 2009 e que se vai juntar à equipa mais tarde, deverá apostar num 4-3-3 ou 4-2-3-1. Se, na Nova Zelândia, domina os jogos, nesta competição terá o desafio de aguentar o ritmo competitivo dos adversários e manter-se o mais organizado possível na defesa – uma tarefa hercúlea.

Os jogadores a ter em conta

Os jogadores do Auckland City são amadores e, por isso, muito deles têm outra profissão ou ainda estudam: há agentes imobiliários, professores, mecânicos, aspirantes a barbeiro e outros também se dedicam ao futebol enquanto treinadores em academias. A maioria não recebe salário por jogar futebol, apenas ajudas de custo.

O avançado Myer Bevan é a principal figura e melhor marcador. Foi o autor dos dois golos na final da Champions da Oceânia. Importa também destacar os médios Dylan Manickum, que somou dezenas de internacionalizações pela seleção de futsal da Nova Zelândia, e o espanhol Gerard Garriga.

Onze provável do Auckland City

Conor Tracey; Jerson Lagos, Adam Mitchell, Nikko Boxall, Nathan Lobo; David Yoo, Michael den Heijer; Dylan Manickum, Gerard Garriga, Haris Zeb e Myer Bevan.

BAYERN MUNIQUE

O Benfica já defrontou o Bayern Munique esta temporada e sabe aquilo com que pode contar diante dos bávaros. A derrota por 1-0 na Alemanha, para a Champions, não reflete a avalanche ofensiva que os germânicos tiveram nesse jogo, em que os encarnados praticamente abdicaram de atacar, por estratégia de Bruno Lage.

O Bayern chega aos EUA após recuperar o título da Bundesliga, mas ainda não é o «bicho-papão» de outros anos. Na primeira temporada à frente dos bávaros, Vincent Kompany elevou o rendimento da equipa, contudo, está longe de provar que é o treinador certo para um cargo desta dimensão – as eliminações nos quartos de final da Liga dos Campeões e nos oitavos da Taça da Alemanha ajudam a explicar as incertezas em torno do belga.

O Bayern teve 35 vitórias, nove empates e sete derrotas nos 51 jogos que disputou em 2024/25. A média de quase três golos por jogo (2.71) evidencia o poderio ofensivo dos bávaros, que, ainda assim, também têm um registo médio de exatamente um golo sofrido por partida.

Como joga o Bayern Munique?

A ideia de jogo de Kompany passa pelo domínio da posse de bola. Os bávaros colocam muitos homens no último terço, com extremos rápidos e explosivos, que servem Harry Kane, o homem-golo que não se inibe de recuar e apoiar na construção.

Dado o talento individual do plantel, o Bayern consegue penetrar nas defesas adversárias, mesmo em espaços curtos. A criatividade de jogadores como Jamal Musiala entre linhas é decisiva neste ponto, assim como as diversas movimentações proporcionadas pelos extremos, que jogam maioritariamente abertos. Os laterais, posições onde o Bayern não está tão bem servido (Alphonso Davies recupera de lesão), pisam terrenos mais interiores.

No meio-campo, há músculo e cérebro. Joshua Kimmich está em todo o lado a toda a hora a pensar e a executar. Goretzka encaixa no conceito de box-to box, mas no seu lugar também pode jogar Pavlovic.

Embora esteja melhor do que na temporada passada, o Bayern ainda sofre com o momento defensivo. A intenção da equipa passa por asfixiar os adversários logo após o momento da perda e o mais subido possível – e muitas vezes com sucesso, com os adversários a bombearem a bola para a frente, sem critério. Contudo, quando são batidos nesse momento, a pouca mobilidade dos centrais costuma ser prejudicial.

Musiala marcou ao Benfica no último jogo dos encarnados com o Bayern (AP Photo/Matthias Schrader)

Os jogadores a ter em conta

Melhor marcador da equipa, com 38 golos, Harry Kane é um dos jogadores-chave do Bayern. No entanto, a grande estrela é o médio-ofensivo Jamal Musiala, que não joga desde o início de abril, por lesão, mas está recuperado.

O inquieto extremo Michael Olise, também um dos responsáveis pelas bolas paradas, teve uma temporada de estreia muito positiva e destacou-se, quer em golos, quer em assistências (17 e 18, respetivamente). Importa ainda perceber como é que o defesa-central Jonathan Tah, contratado recentemente ao Bayer Leverkusen, vai encaixar na equipa.

Onze provável do Bayern Munique

Manuel Neuer; Konrad Laimer, Dayot Upamecano, Jonathan Tah, Josip Stanisic; Joshua Kimmich, Leon Goretzka, Jamal Musiala; Kingsley Coman, Michael Olise e Harry Kane.

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