“As feministas têm razão”. Chico Buarque não vai voltar a cantar “Com açúcar, com afeto” - TVI

“As feministas têm razão”. Chico Buarque não vai voltar a cantar “Com açúcar, com afeto”

  • CNN Portugal
  • 28 jan 2022, 15:32
Chico Buarque

Chico Buarque diz que vai excluir do reportório tema composto para a artista brasileira Nara Leão, ainda que a música tenha deixado há muito de fazer parte dos espetáculos do artista brasileiro

Chico Buarque não irá voltar a cantar a música “Com açúcar, com afeto”, que compôs a pedido da cantora brasileira Nara Leão em 1967.

O Globo revela que Chico falou sobre a música no terceiro episódio de uma série documental sobre a artista, “O canto livre de Nara Leão”, feita para a Globoplay.

Admitindo que compôs o tema por “encomenda” de Nara, Chico Buarque não nega que gostou "de fazer” a canção, sublinhando que, à época, a letra não foi interpretada como sexista.

“Ela falou ‘eu quero agora uma música de mulher sofredora'”, contou o compositor, explicando que Nara Leão deu exemplos das canções de Assis Valente e Ary Barroso “onde os maridos saíam para a gandaia e as mulheres ficavam em casa sofrendo”.

 

Mas assinala que, aos dias de hoje, a própria Nara não voltaria a interpretar o tema e dá razão às feministas que criticam a postura submissa da mulher na canção, que espera e perdoa os deslizes do marido que a sustenta.

“As feministas têm razão, vou sempre dar razão às feministas, mas elas precisam compreender que naquela época não existia, não passava pela cabeça da gente que isso era uma opressão, que a mulher não precisa ser tratada assim. Elas têm razão. Eu não vou cantar ‘Com açúcar, com afeto’ mais e, se a Nara estivesse aqui, ela não cantaria, certamente”, diz Chico Buarque no documentário.

 

Já o escritor brasileiro Luiz Antonio Simas, conhecedor da obra de Chico e fã assumido do compositor, assegurou numa publicação no Twitter que Chico Buarque “declarou que não vai mais cantar uma música que já não canta”. A última vez que o tema fez parte do reportório de Chico terá sido num espetáculo em 1975, com Maria Bethânia.

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