Afasia, a doença que obrigou Bruce Willis a deixar a carreira de ator (e agora foi-lhe diagnosticada demência) - TVI

Afasia, a doença que obrigou Bruce Willis a deixar a carreira de ator (e agora foi-lhe diagnosticada demência)

Bruce Willis na 65ª edição do Cannes Film Festival em Cannes, França (foto: LUSA)

Esta é uma doença que "não escolhe idades, não escolhe géneros nem escolhe estratos sociais"

"O nosso amado Bruce está a passar por alguns problemas de saúde e recentemente foi diagnosticado com afasia, o que está a afetar as suas capacidades cognitivas." Foi assim que a família de Bruce Willis comunicou aos fãs a 30 de março de 2022 o afastamento do ator da representação. Esta quinta-feira, quase um ano depois desta notícia, soube-se que foi diagnosticada demência ao ator. Mas o que é a afasia?

Segundo Lina Marques de Almeida, terapeuta da fala do Hospital Lusíadas, em Lisboa, a afasia é geralmente consequência de uma lesão cerebral, por exemplo um Acidente Vascular Cerebral (AVC), ou de uma lesão neurológica degenerativa. Em qualquer dos casos afeta uma área do cérebro ligada à comunicação.

No comunicado emitido pela família, não se especifica a causa da afasia, mas as consequências prendem-se essencialmente com alterações ao nível da comunicação, como explica a terapeuta em declarações à CNN Portugal: "Estas alterações podem ocorrer ao nível da dificuldade na expressão, ou seja, as pessoas têm dificuldade em encontrar as palavras que querem dizer e podem substituir umas palavras por outras, como, por exemplo, maçã por pêra, faca por tesoura, etc., portanto também podem ter dificuldade na construção das frases".

A afasia pode também provocar "alterações ao nível da compreensão e ao nível da escrita, da leitura e do cálculo", enumera Lina Marques de Almeida. "Não é obrigatório que provoque alterações nestas cinco áreas, pode ser só numa, pode ser em duas ou três, depende da lesão e em que área é que ocorreu no cérebro, bem como a sua extensão. Se for uma lesão muito grande pode levar a que estas áreas fiquem todas alteradas, mas por vezes é só uma", acrescenta.

Esta é uma doença que "não escolhe idades, não escolhe géneros nem escolhe estratos sociais", salienta a terapeuta, acrescentando, que "pessoas com algumas doenças associadas são mais propensas a isto", nomeadamente demência ou outras.

Mas a gravidade e a extensão da doença dependem essencialmente da localização e da magnitude da lesão cerebral.

Qual o tratamento? Há cura?

No caso de um AVC, no hospital o neurologista faz o diagnóstico, cabendo ao terapeuta da fala a avaliação das áreas afetadas, "se é a expressão, a compreensão, a leitura, o cálculo ou a escrita".

"Vemos quais as áreas que estão alteradas, juntamente com o diagnóstico médico, e definimos qual é o tipo de afasia. Se a lesão for muito extensa, as consequências são graves e, através do treino, o terapeuta da fala consegue ajudar a pessoa para que seja autónoma e funcional. Mas há sempre áreas que ficam afetadas", explica.

Embora a família não mencione qual a causa da afasia, "para dizerem que o Bruce [Willis] está a ausentar-se da profissão é que por há ali lesões permanentes e que não lhe permitem fazer a sua atividade profissional".

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