Paulo Macedo, diretor-executivo da Caixa Geral de Depósitos (CGD), diz que não ambiciona cargos políticos e afirma que continua "atento à possibilidade de aquisição de algo que crie complementariedade à Caixa".
Em entrevista à CNN Portugal, Paulo Macedo começou por afirmar que, no atual cenário político, "há uma possibilidade de haver consenso" entre os principais partidos políticos e assume mesmo que "os portugueses não compreenderiam" se o parlamento não viabilizasse o programa de Governo que vier a sair destas eleições.
"Seria uma total descredibilização das instituições se não houvesse uma aprovação de um programa de Governo", considera o presidente da CGD.
Questionado sobre os avisos da Comissão Europeia sobre o crescimento económico em Portugal, contrariando o otimismo do Governo, Paulo Macedo admite que "ninguém estava à espera de uma quebra tão grande do PIB no primeiro trimestre" deste ano, depois de o ano de 2024 ter terminado com um "grande crescimento" económico.
"Há muitas coisas que estão em freeze, quer por causa da incerteza politica portuguesa, quer também por causa de alguma incerteza em termos mundiais", afirma Paulo Macedo, acrescentando que, das conversas que tem mantido com dirigentes de associações e empresários, este primeiro trimestre está a ser vivido com "bastante incerteza e preocupação".
Na CGD, diz, "não notamos uma quebra [de investimentos]. O que notamos é um adiar de investimentos", fruto dessa incerteza, explica.
Paulo Macedo adianta ainda que a CGD está a trabalhar num cenário otimista em relação à evolução das taxas de juro, acreditando que o BCE vai manter essa política. "O cenário apontado era para cerca de 2%, 1,75%, no final do ano. Eu penso que poderá ficar mais no intervalo superior, porque há mais pressões para a inflação, designadamente através das tarifas, (...) mas também de uma rpesão para uma maior despesa publica de todos os paises."
"Há 12 meses, basicamente, o que nós víamos era um caminho mais claro de descida das taxas de juros. Agora vemos maiores possibilidades de pressão da inflação e, portanto, pode não haver uma descida tão grande, mas o nosso cenário é que vai haver uma descida", resume.
Interrogado ainda sobre as notícias de que o Caixabank estará interessado em adquirir o Novo Banco e se, nesse cenário, a CGD pondera avançar para evitar o domínio por parte dos espanhóis de grande parte da banca nacional, Paulo Macedo respondeu que a CDG precisa de mais informação e que "qualquer movimento que faça será em sintonia com o seu acionista".
"O que a Caixa disse sempre é que gostaria de crescer na área das empresas e das pequenas e médias empresas e, portanto, é essa a área que nós sentimos uma vontade de crescer. Não é tanto em áreas onde já temos quotas de mercado muito fortes. (...) Nós continuamos atentos à possibilidade de aquisição de algo que crie complementariedade à Caixa, de algo que crie sinergias e de algo que possamos aplicar o dinheiro dos contribuintes de uma forma válida, positiva, sustentável e rentável para o futuro", acrescentou.
Questionado sobre se ainda há espaço para a consolidação no setor bancário nacional, Paulo Macedo entende que "em Portugal pode ainda haver mais espaço".
Sobre o seu futuro profissional, Paulo Macedo diz que apenas tem em mente "deixar a Caixa em melhor" do que a encontrou. "Depois, quer dizer, em termos pessoais, não ambiciono cargos políticos, não vou ter lugares, (...) enfim, há vários lugares muito interessantes e eu espero continuar a trabalhar depois de sair da Caixa, já em outras funções, não propriamente executivas, (mas) funções não executivas ou de ensino, que é uma coisa que eu gosto e deixei de dar aulas há algum tempo."