A greve dos trabalhadores das cantinas, refeitórios e bares concessionados, em protesto contra a proposta da Associação da Hotelaria, Restauração e Similares de Portugal (AHRESP), levou esta sexta-feira ao encerramento da maioria das cantinas escolares tendo afetado também empresas e hospitais, segundo dirigentes sindicais.
Em declarações à Lusa, o coordenador do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Norte, Francisco Figueiredo, precisou que a greve levou ao encerramento de 41 das 45 cantinas de escolas primárias do Porto, ficando por servir cerca de 5.100 das 6.000 refeições diariamente servidas.
A nível da região norte a adesão fez com que cerca de 80% das cantinas escolares não abrissem, precisou o mesmo dirigente sindical, referindo um elevado impacto da greve também ao nível hospitalar e registo de encerramento de cantinas em fábricas e outras empresas.
No centro do país, a greve teve também impacto em vários organismos com cantinas concessionadas, mas com a adesão a ser mais expressiva nas escolas onde superou os 50%, segundo precisou António Baião, vice-presidente da Direção do Sindicato dos Trabalhadores da Indústria de Hotelaria, Turismo, Restaurantes e Similares do Centro.
Este dirigente sindical afirmou à Lusa ainda terem sido detetadas e reportadas situações em que escolas terão tentado transportar refeições de umas cantinas para outras o que, referiu, equivale a subsituação de trabalhadores em greve.
Sublinhando a precariedade e baixos salários destes trabalhadores e a "falta de sensibilidade" das empresas que têm a maioria das concessões das cantinas, António Baião apontou a "hipocrisia" destas empresas que, para a definição dos serviços mínimos, vieram invocar o facto de muitas crianças terem na escola a sua única refeição diária.
Este dia de greve ficou ainda marcado por uma concentração de trabalhadores em frente à delegação da AHRESP, com os trabalhadores a aprovarem uma moção em que reiteram aumentos salariais de 10% na tabela salarial, com o mínimo de 100 euros para cada trabalhador, a “criação de um regime de cinco diuturnidades com o valor 25 euros por cada diuturnidade” e a “atualização do subsídio de alimentação nas férias para 130 euros”.
Os trabalhadores reivindicam ainda o pagamento "de um prémio de 25% da retribuição para os trabalhadores que tenham horário repartido e para os trabalhadores que trabalham em regime de turnos”, do “trabalho ao fim de semana com um acréscimo de 25%” e de “um subsídio de risco aos trabalhadores das cantinas dos hospitais e estabelecimentos prisionais de 7% do salário”.