O deputado Carlos Pereira confirmou em comunicado, enviado às redações na madrugada desta sexta-feira, que vai abandonar a comissão de inquérito à TAP, devido às notícias conhecidas nos últimos dias que "adensam um clima de suspeição injustificado".
O deputado socialista começa por referir que, "em função da notícia publicada na edição desta sexta-feira do Correio da Manhã, é meu dever informar que prestei ao jornal todos os esclarecimentos que me foram solicitados e que nunca existiu qualquer incompatibilidade no exercício pleno da minha atividade como deputado, ou qualquer tratamento de favor para comigo por parte da Caixa Geral de Depósitos".
O Correio da Manhã noticia esta sexta-feira que a Caixa Geral de Depósitos (CGD) perdoou uma dívida ao deputado do PS Carlos Pereira, referindo um corte de 66 mil euros no pagamento de crédito a uma empresa da qual o político era avalista.
A declaração de Carlos Pereira acrescenta ainda que "este tipo de notícias que se têm repetido nas últimas semanas" contribuem apenas para "adensar um clima de suspeição injustificado".
"Entendi solicitar ao presidente do Grupo Parlamentar do PS que me desobrigasse da coordenação dos deputados do Partido Socialista na Comissão Parlamentar de Inquérito à Gestão Política da TAP, bem como, da minha presença na referida Comissão, para desta forma proteger os resultados a apurar na Comissão de Inquérito e salvaguardar os superiores interesses do Partido Socialista", lê-se ainda no comunicado de Carlos Pereira, vice-presidente do grupo parlamentar socialista.
O deputado assinala ainda que prestará mais esclarecimentos esta sexta-feira.
Recorde-se que Carlos Pereira já tinha estado em causa depois de Christine Ourmières-Widener, ex-CEO da TAP - substituída esta sexta-feira por Luís Rodrigues - ter indicado que foi o deputado que esteve numa reunião com ela, e na qual estiveram presentes elementos do Governo, na véspera da primeira audição parlamentar.
Carlos Pereira já não participou na audição de quinta-feira ao presidente da CMVM e as perguntas em nome do PS foram feitas pela deputada Fátima Fonseca. Também na quinta-feira, o líder parlamentar do PS, Eurico Brilhante Dias, defendeu que os deputados têm todos o direito de se reunir com quem muito bem entendam. Mas o próprio presidente da Assembleia da República, Augusto Santos Silva, considerou a reunião um erro e o encontro colheu críticas mesmo na bancada da maioria socialista.