Caso das gémeas: Chefe da Casa Civil admite ter omitido nome de Nuno Rebelo de Sousa quando informou o Governo "para evitar pressão" - TVI

Caso das gémeas: Chefe da Casa Civil admite ter omitido nome de Nuno Rebelo de Sousa quando informou o Governo "para evitar pressão"

  • CNN Portugal
  • PF
  • 23 jul 2024, 14:57
Fernando Frutuoso de Melo. Lusa

Fernando Frutuoso de Melo diz tê-lo feito para evitar "qualquer tratamento de favor" em virtude da proximidade de Nuno Rebelo de Sousa ao Presidente da República

Fernando Frutuoso de Melo, chefe da Casa Civil da Presidência da República, admitiu esta terça-feira na Comissão Parlamentar de Inquérito ao caso das gémeas que omitiu ao Governo que o pedido para o tratamento das bebés tinha sido feito por Nuno Rebelo de Sousa, filho do presidente da República.

Frutuoso de Melo diz que o fez para evitar “qualquer forma indireta de pressão ou tratamento de favor”.

“Para evitar a habitual interpretação errónea, em particular qualquer tratamento diferenciado dado o parentesco do peticionário com o Presidente da República, decidi deliberadamente omitir a identificação de quem tinha feito chegar tal solicitação por email à Presidência da República”, esclareceu Frutuoso de Melo, que mencionou ter transcrito no seu ofício o pedido, em vez de o reencaminhar.

“Não dei conhecimento ao Governo, nem ao chefe de gabinete do primeiro-ministro, nem a nenhuma outra entidade, de quem tinha transmitido tal solicitação à Presidência da República, de modo a evitar que tal pudesse ser considerado, por algum interlocutor, como qualquer forma indireta de pressão ou tratamento de favor”, completou.

A versão de Frutuoso de Melo

Perante os deputados no Parlamento, o chefe da Casa Civil lembrou o caso da menina Matilde, que dominou as primeiras páginas no verão de 2019, e que, segundo ele, terá aberto “caminho para que outras crianças recebessem o mesmo tratamento”, como é o caso das duas gémeas luso-brasileiras.

Segundo Frutuoso de Melo, Nuno Rebelo de Sousa enviou, no dia 21 de outubro de 2019, um email para a Presidência a expor o caso das duas gémeas que sofriam de atrofia muscular espinhal, questionando se poderia ser feito algo para ajudar as crianças com nacionalidade portuguesa.

O email foi reencaminhado pela Presidência para Frutuoso de Melo, que por sua vez o encaminhou para a assessora para os Assuntos Sociais e Comunidades, Maria João Ruela. Ruela questionou Nuno Rebelo de Sousa sobre o paradeiro das crianças, e informou que as mesmas se encontravam em São Paulo.

A 29 de outubro, já depois de Nuno Rebelo de Sousa ter contactado novamente Maria João Ruela para saber se o processo poderia ser acelerado, o filho de Presidente da República pergunta a Frutuoso de Melo se não podem responder aos "muito angustiados" pais das crianças". Em resposta, o chefe da Casa Civil disse-lhe que a prioridade ser dada aos casos que estão a ser tratados nos hospitais portugueses, "daí que não tenham sido contactados nem seja previsível que tal aconteça rapidamente".

A 31 de outubro, o assunto foi finalmente transmitido para o gabinete do primeiro-ministro, referiu Frutuoso de Melo, que passou a explicar o motivo da omissão do nome de Nuno Rebelo de Sousa.

O Chefe da Casa Civil salientou também o elevado número de pedidos sobre "as mais variadas coisas" que a Presidência da República recebe. "Desde 9 de março de 2016, recebemos 190 mil solicitações e petições, 80 por dia", esclareceu. Dessas 190 mil, 40 mil foram relativas a questões sociais e de saúde.

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