Tor, do batalhão Dzhokhar Dudayev, tem uma mensagem: "Descansem em paz, russos" (breve história dos chechenos que lutam ao lado de Kiev) - TVI

Tor, do batalhão Dzhokhar Dudayev, tem uma mensagem: "Descansem em paz, russos" (breve história dos chechenos que lutam ao lado de Kiev)

  • CNN Portugal
  • 31 jan 2023, 17:08
Destruição em Kiev (AP Photo)

O batalhão Dzhokhar Dudayev tem um comandante que estudou em Inglaterra e deixou a universidade para lutar contra a Rússia. Estes chechenos estão com Kiev, apesar de saberem que os próprios ucranianos não têm deles a melhor das opiniões

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Ramzan Kadyrov, o líder checheno aliado de Putin que comanda as milícias do seu país de forma cruel e declara constantemente o seu apoio a Moscovo, quis ser a face da unanimidade da Chechénia contra Kiev. Mas não conseguiu: há três batalhões de chechenos que escolheram lutar ao lado dos ucranianos na linha da frente contra os russos. 

Um desses batalhões é o Dzhokhar Dudayev, assim chamado em honra do primeiro presidente pós-soviético da Chechénia independente - hoje, a Chechénia é uma república autónoma da Federação Russa -, e foi criado como uma batalhão de manutenção da paz. "Descansem em paz, russos", diz ironicamente ao The Guardian Tor, um dos combatentes do batalhão que se identifica apenas por esse nome. 

Muitos dos militares são, segundo o diário britânico, chechenos de segunda geração, emigrados, que fugiram do regime instaurado por Kadyrov, homem forte de Putin que procura atenuar os desejos de independência de Grozny. 

Dizem que lutam pela Ucrânia para libertarem Kiev do jugo de Moscovo e muitos admitem que vivem na Ucrânia, onde lhes é permitido professar a religião islâmica. Também sabem que a perceção que os ucranianos têm dos chechenos não é a melhor e culpam a propaganda de Kadyrov por isso. "Por mais de 30 anos, a propaganda contra nós não parou. Somos bárbaros, animais, predadores, não conseguimos falar normalmente", diz Tor. 

Comandante estudou em Inglaterra 

O comandante deste batalhão, cujos membros aceitaram falar ao The Guardian, é Adam Osmaev, checheno de 41 anos que frequentou prestigiadas escolas britânicas, chegando a estudar Economia na Universidade de Buckingham. Filho de um alto responsável da indústria petrolífera chechena da era soviética, Osmaev foi enviado para Inglaterra quando tinha apenas 13 anos, mas regressou em 1999 para lutar contra a Rússia quando a guerra da Chechénia começou. Em 2017, agentes dos serviços secretos russos feriram-no e mataram-lhe a mulher, que era sniper no mesmo batalhão, quando regressavam a casa em Kiev. 

O batalhão Dzhokhar Dudayev, apesar de operar hoje às ordens do exército ucraniano, não tem reservado qualquer orçamento de Kiev e vive de donativos mas tem um histórico impressionante: desde o início da invasão da Ucrânia, estes combatentes foram responsáveis por ações de sabotagem e reconhecimento no norte de Kiev quando a Rússia tentava controlar a capital ucraniana e participaram na libertação da cidade de Izium. Nas últimas semanas, têm estado em Bakhmut, a cidade mais disputada da região de Donetsk.

Maga, outro dos combatentes deste batalhão, descreveu os combates na linha da frente como uma luta que é travada casa a casa. "Os russos têm muita artilharia pesada e o exército ucraniano não tem a suficiente para manter todas as posições. Não há morteiros suficientes para manter os russos afastados. A tática russa é destruir tudo, deixar apenas ruínas até vir a infantaria. É a tática que usaram na Chechénia", garante Maga. 

Ao Guardian, os chechenos dizem que o ocidente precisa de acordar e armar adequadamente os ucranianos para que possam vencer a guerra contra a Rússia: para Tor, o tempo que a Alemanha levou a decidir sobre o fornecimento dos tanques Leopard 2 foi "um crime". E garante: "Deem as armas à Ucrânia e eles fazem o resto e resolvem a situação sem a necessidade de vocês derramarem sangue".

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