A China classificou este sábado como uma "reação absurda e histérica" a decisão dos Estados Unidos de derrubar o alegado balão "espião" chinês e considerou através de Wang Yi, representante para a política externa, tal atitude "inaceitável".
Wang, diretor do Gabinete da Comissão de Relações Exteriores do Partido Comunista da China (CPC), reiterou que o balão derrubado pelos Estados Unidos depois de o objeto sobrevoar parte do território norte-americano não tinha tripulação, era uma aeronave civil e sem possibilidades de ser comandado à distância.
O balão "espião" chinês foi localizado no final de janeiro no espaço aéreo norte-americano e foi abatido sobre as águas do Atlântico em 4 de fevereiro passado. Dias antes sobrevoara diversas áreas dos Estados Unidos, como o Estado de Montana (noroeste do país), onde fica um dos três campos de silos de mísseis nucleares existentes nos Estados Unidos.
Durante um debate na Conferência sobre Segurança em Munique, no sul da Alemanha, Wang revelou que "existem inúmeros balões pelo mundo e que derrubar todos é impossível" e considerou que a decisão de disparar contra o dispositivo "não mostra a força do Estados Unidos, antes pelo contrário"
O mesmo responsável apelou ainda às autoridades norte-americanas a "afastarem-se" de "ações absurdas" e exigiu "sinceridade" do governo norte-americano, ao mesmo tempo que reconheceu as consequências negativas que este tipo de atuação pode ter nas relações bilaterais China-EUA.
Wang considerou que a decisão dos EUA de abater o balão chinês foi um "erro de avaliação estratégica" e reiterou que Pequim está interessada em manter relações bilaterais com os Estados Unidos baseadas no "respeito mútuo e na coexistência pacífica".
Pequim insistiu nos últimos dias que o balão entrou no espaço aéreo norte-americano ao desviar-se erroneamente da sua trajetória, reiterando ainda que o balão foi usado para fins meteorológicos e não de espionagem.
Além do balão "espião", os Estados Unidos derrubaram outros três objetos voadores no seu território e no Canadá na última semana, cuja origem está a ser investigada por autoridades norte-americanas e canadianas.
A descoberta dos "balões espiões" reavivou as tensões bilaterais e levou à suspensão de uma viagem à China que o secretário de Estado, Antony Blinken, pretendia realizar.