Fast food pode levar a mais casos de cirrose do que o álcool - TVI

Fast food pode levar a mais casos de cirrose do que o álcool

  • MCP
  • 11 mar 2023, 23:00
fast food (foto: marcel heil)

População mundial está a aumentar os níveis de gordura no fígado devido ao maior consumo de comida processada e ultraprocessada

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Um hambúrguer entregue em casa, uma pizza congelada porque não apetece cozinhar. O fácil acesso à comida rápida, unido a hábitos sedentários pode contribuir para vários problemas de saúde, como o excesso de peso, obesidade ou diabetes. Estas consequências têm sido mais do que alertadas, fazem parte do conhecimento geral, no entanto, menos divulgada é a relação entre a ingestão de fast food e o desenvolvimento de esteato-hepatite não alcoólica, que pode evoluir para cirrose.

Segundo um estudo divulgado em 2022, pelo Instituto Nacional de Estatística, 1,4 milhões de portugueses eram considerados obesos, o que faz do nosso país um dos com maior taxa de obesidade na União Europeia.

Em Espanha, de acordo com um estudo publicado na revista científica Clinical Gastroenterology and Hepatology, pessoas com obesidade ou diabetes que consomem 20%, ou mais, das suas calorias diárias em comida processada apresentam níveis muito altos de gordura em comparação com as pessoas com as mesmas doenças mas que consomem menos quantidade deste tipo de comida.

No entanto, o problema estende-se à população em geral, que tem apresentado um aumento de gordura no fígado.

Rocío Aller, especialista que participou na pesquisa, afirma que o fígado gordo não alcoólico é a principal causa de cirrose e fica, inclusive, acima do consumo de álcool. “É um tema de saúde pública de primeiro nível”, diz a investigadora. “Em Espanha encontramos a frequência (de consumo de fast food) de duas a três vezes por semana.” E, segundo a investigação, é a população mais jovem “e a mais vulnerável socioeconomicamente” que têm maior adesão a esta alimentação, tendo em conta o seu baixo custo. 

“Cada vez mais se encontra a condição hepática em grupos de população mais jovem”, sublinha Rocío Aller.

Ao El País, o presidente da Confederação Internacional de Associações de Dietética (ICDA, na sigla original), Giuseppe Russolillo, refere três principais razões para este aumento da obesidade: “A população está a tornar-se mais sedentária, estamos a comer mais alimentos processados e ultraprocessados, o preço dos alimentos frescos e de época está a encarecer. Se nada mudar, caminhamos para um aumento na incidência de doenças como obesidade, diabetes tipo 2 e fígado gordo”, indica.

Segundo o grupo Lusíadas, a esteatose hepática ou fígado gordo não causa sintomas. Normalmente, as pessoas ficam a saber que têm excesso de gordura no fígado depois de realizarem uma ecografia ao órgão por outras razões e só quando o problema está associado à inflamação do fígado e há alterações na função hepática é que os resultados das análises dão sinal de que algo não está bem.

Atualmente, não existe qualquer tipo de tratamento para esta condição, o que faz do exercício físico e de melhores cuidados com a alimentação uma forte aposta na saúde.

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