Repórter TVI: «Mama Sumae» (Parte IV) - TVI

Repórter TVI: «Mama Sumae» (Parte IV)

Rui Araújo acompanhou treino de militares que vão para o Afeganistão

Para as forças internacionais, o Afeganistão está a tornar-se um imenso atoleiro. O Sul - a terra pachtun - é a região mais problemática. É o centro da insurreição. E é precisamente aí que a NATO continua a perder terreno.



«É um inimigo invisível, um inimigo que não se vê, que a gente não sabe, não o conhece, não sabe onde está. Sabemos como é que ele actua, que é a nossa preocupação saber como é que ele actua, mas não sabemos onde é que ele está nem quando o vamos encontrar», diz o sargento-ajudante Luís Reguengos.

Beja. É o exercício final - mais 7 dias de «aprontamento» - com avaliação e acreditação da força destacada para o Afeganistão.



Os Comandos são projectados de Cabul para Kandahar, no Sul. E não é por acaso. É em Kandahar, primeira capital do Afeganistão e centro nevrálgico dos talibãs, que reside de alguma forma o destino do país. E o do Paquistão vizinho, uma potência regional e nuclear.



Beja dá portanto, aqui, pelo nome de Kandahar. E cinco pacatas povoações alentejanas passam a ser consideradas focos de insurreição potencialmente problemáticos.

A força começa por efectuar patrulhas de reconhecimento na área; depois ocupa uma FOB - uma base operacional avançada. A partir daí, desenvolve operações de acordo com os inputs - as comunicações - do Comando Regional Sul.



«O treino que nós temos vindo a desenvolver nestes últimos meses é de fundamental importância para a nossa preparação, tendo em vista a actuação no Afeganistão, nomeadamente tendo em consideração a missão que vamos lá ter, a ameaça que também é específica daquele teatro, o terreno e os meios que temos, que também são diferentes daqueles que normalmente utilizamos cá em Portugal. Considero que a grande dificuldade que vamos lá encontrar é a identificação dessa mesma ameaça, porque apesar de sabermos como ela actua, quais são os seus procedimentos, não sabemos ou temos maior dificuldade em encontrá-los, em saber quem é o bom ou o mau», revela o capitão Simões Pereira, comandante da 2ª Companhia de Comandos.

A força destacada para Cabul é constituída por 162 homens: Comando - 11; 2ª Companhia de Comandos - 115, Destacamento de Apoio e Serviços - 24 militares de várias unidades -,

e TACP - a equipa de controlo aéreo táctico - 12 elementos da Força Aérea.

«A Força é uma unidade de combate. Está preparada para efectuar patrulhas de combate, patrulhas de reconhecimento e de segurança, escoltas a colunas civis e militares, escoltas a altas entidades, defesa de pontos sensíveis, operações de apoio às forças de segurança afegãs, e operações conjuntas com outras forças, entre outras tarefas», diz o tenente-coronel Ulisses Alves, comandante da Força Nacional destacada QRF/ISAF.

A Força está aquartelada aqui, nesta base operacional avançada. A segurança é garantida pelos militares do Exército nacional afegão. É um ataque suicida contra a porta de armas. A viatura está carregada de explosivos. Os dois agressores são abatidos. Do lado das tropas afegãs, um morto e dois feridos. Dois Comandos foram atingidos - um deles está gravemente ferido. Os socorros organizam-se. É preciso reforçar imediatamente a segurança do perímetro. Os Comandos não perdem tempo, cercam o local. O estado do Comando, entretanto, agrava-se. É pedida a sua evacuação para um hospital de Kandahar.



A estratégia ocidental no Afeganistão revelou-se até hoje um fracasso. A guerra no «cemitério dos impérios» pode não estar perdida, mas será longa e difícil. A solução nunca será exclusivamente militar. E muito menos local.



A TVI agradece a colaboração das seguintes entidades: Estado-Maior do Exército, Centro de Tropas Comandos e Centro de Audiovisuais do Exército.
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