Que sentido faz a monarquia para o Reino Unido? "É uma fonte de rendimento indeterminável" - TVI

Que sentido faz a monarquia para o Reino Unido? "É uma fonte de rendimento indeterminável"

Príncipe Carlos

Rei ou chefe de Estado eleito? A pergunta foi feita numa sondagem recente e a resposta parece ser positiva para o novo rei de Inglaterra, naquela que parece ser uma prova de que, tal como dizem os especialistas ouvidos pela CNN Portugal, a monarquia "é uma marca"

Relacionados

A dias da coroação de um novo rei no Reino Unido - uma das dez monarquias da Europa - há uma pergunta que sobressai no meio de várias questões que rodeiam o evento: que sentido é que ainda faz a monarquia britânica?

Em entrevista à CNN Portugal, dois especialistas em realeza afirmam que "a monarquia é uma grande instituição no Reino Unido" e que não faz sentido falar no seu desaparecimento.

Alberto Miranda, jornalista e escritor, diz mesmo que a monarquia "é uma marca" e uma "dimensão que está muito arraigada na sociedade britânica".

Uma sondagem realizada pelo YouGov parece indicar isso mesmo, com 58% dos entrevistados a apoiar a continuação da monarquia, enquanto 26% defendem um chefe de Estado eleito e 16% "não sabem" responder à pergunta se "a Grã-Bretanha deve continuar a ter uma monarquia no futuro, ou deve ser substituída por um chefe de Estado eleito?"

A sondagem, pedida pela BBC a apenas duas semanas da coroação, aponta ainda que apenas um terço dos jovens apoia a monarquia, sendo o apoio mais visível nas faixas etárias acima dos 50 anos. 

Mas para José Bouza Serrano, antigo chefe do Procotolo do Estado, os britânicos "são indissociáveis do sistema monárquico".

"Podem tocar em tudo, podem mexer em tudo, mas não vejo outro sistema. Este é um exemplo para toda a nação, ainda por cima aquilo é uma fonte de rendimento indeterminável, vai ver agora a fortuna que eles vão fazer só com o merchandising dos produtos com o rei e com a rainha. Podem ser críticos e podem, em certos momentos, não estar conectados com o seu soberano, o que não tem sido o caso porque o rei Carlos III tem feito um ótimo papel."

No entanto, a mesma sondagem revela que 45% dos mais de 4.500 inquiridos considera que Carlos "está fora de sintonia com o povo britânico" e apenas 36% considera que o novo monarca está "em sintonia".

Bouza Serrano e Alberto Miranda lembram, no entanto, que Carlos III se preparou ao longo de muitos anos para subir ao trono e que "o soberano é um homem de 70 e tal anos".

"Carlos vai ser coroado com 74 anos. A rainha Isabel II foi coroada com 26. Foi rainha com 25, mas coroada com 26. Carlos sabe perfeitamente qual é o seu papel, e a própria diversidade étnica da sociedade britânica e mundial, para não falar só no Reino Unido, impõe-se que os Estados acompanhem esta evolução, que consigam acompanhar a evolução dos tempos", observa Alberto Miranda.

Segundo a agência noticiosa AFP, a descrença dos mais jovens na sintonia do rei Carlos III para com os problemas da população surge por causa da pior crise de inflação que a geração enfrenta. Apesar de ter fundado o Prince's Trust na década de 70, enquanto herdeiro do trono, e de em 2020 ter ajudado um milhão de jovens provenientes de meios desfavorecidos, o facto de o custo de vida continuar a aumentar no Reino Unido assim como os encargos com a família real parecem pesar na sua popularidade entre os jovens.

Ainda que 54% dos inquiridos tenham respondido que a família real tem um "bom valor", mais jovens responderam que o valor é mau (40%) do que bom (36%).

A cerimónia de coroação do rei Carlos III e da rainha consorte Camilla vai decorrer no próximo dia 6 de maio, na abadia de Westminster, em Londres. Os britânicos vão ter direito a um fim de semana prolongado para festejar os novos reis, que contará não só com a cerimónia, mas também com um concerto e ações de voluntariado.

Continue a ler esta notícia

Relacionados