Covid-19: quando vai acabar a sexta vaga? Vamos ter um verão mais calmo? Especialistas explicam tudo - TVI

Covid-19: quando vai acabar a sexta vaga? Vamos ter um verão mais calmo? Especialistas explicam tudo

Bom tempo (Getty Images)

Os casos positivos não param de subir e o número de mortes vai atingir valores elevados nas próximas semanas. A CNN Portugal falou com vários investigadores e médicos que revelam quando é que a situação vai ficar mais tranquila

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Os dados não deixam margens para dúvidas, garantem os especialistas: Portugal está em plena sexta vaga da Covid-19 e os casos positivos vão continuar a crescer: “Nesta próxima semana, segundo as minhas estimativas poderá haver dias com mais de 40 mil casos. Além disso, não se vê ainda uma descida que permita determinar a altura o pico”, refere Carlos Antunes, investigador da Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa.  

Também o matemático Henrique Oliveira, do Instituto Superior Técnico de Lisboa, nota que as mortes por covid-19 estão a subir e o ritmo de contágio encontra-se muito elevado. De acordo com o último relatório deste perito, em final de maio os casos podem variar entre os 40 a 60 mil por dia - valor também referido pela própria diretora-geral da saúde, Graça Freitas. No entanto, este contágio acelerado pode ser, admite o perito, um dos aliados para uma queda desta sexta onda, numa altura em que a falta de medidas restritivas, como a máscara obrigatória, impede contê-la da mesma forma que foi feito nas anteriores.

“Com os contágios há menos população suscetível e isso é determinante na dimensão da onda”, adianta Henrique Oliveira.

Segundo as suas previsões, no final do próximo mês o cenário poderá começar a ser mais animador: “Pelas minhas contas em junho os casos vão começar a descer e em julho a descida será acentuada”, diz, sublinhando, porém, que esta previsão depende da dimensão dos contágios e de outros fatores. “Se houver grande quantidade de casos vamos assistir a uma saturação de contágios”, em que o vírus passa ter maior dificuldade em movimentar-se, frisa.  

Segundo Carlos Antunes, a prova de que o ritmo de contágio se encontra elevadíssimo, está nos números: “Em junho, Portugal vai atingir já o patamar de cinco milhões de pessoas que já tiveram covid-19. Um valor alcançado mais cedo do que estava previsto- que era julho”.

Filipe Froes, o médico que dirigiu o gabinete de crise contra a Covid-19 da Ordem dos Médicos. concorda que a velocidade do contágio possa começar a dar tréguas em meados do próximo mês. "Tudo indica que o pico será dentro de duas a três semanas. Depois, é natural que a situação fique mais tranquila em julho e agosto", refere o pneumologista, explicando que há ainda situações que podem, contudo, atrapalhar as previsões, como os feriados de junho.

O investigador Carlos Antunes também está confiante que em junho os casos comecem a descer e em julho a situação fique mais controlada.  E nesse sentido, avança, há uma boa notícia. "Parece ter havido uma pequena alteração no Rt - valor que mede a velocidade de contágio. "Está no 1.20 e tem de chegar ao 1. Mas há sinais de que pode ter parado de subir. Ou seja, podemos estar no que se chama ponto de inflexão em que o vírus continua a crescer, mas mais lentamente".

Sendo assim, e caso se mantenha o cenário de descida de Rt, o impacto  da Covid-19 pode cair : "Lá para julho podemos ter um verão mais calmo". No entanto, devido à falta de medidas de combate, às características da nova linhagem BA.5 da Ómicron e à incerteza quanto ao comportamento que as pessoas vão ter nos próximos tempos leva Carlos Antunes a avisar que atualmente é mais difícil fazer previsões matemáticas. "Há alguma incerteza. Até porque não há testagem massiva e o vírus está a ter comportamentos diferentes nas regiões e nas várias faixas etárias". 

Por isso, diz, tudo vai depender também das atitudes individuais que que serão ou não adotadas pelas pessoas em “função do risco, como usar máscara e surgimento ou não mais variantes”.

Em média as ondas anteriores duraram entre 6 a 8 semanas, nota. acrescentando: "Se assim for, em meados de junho pode começar a descer”. No entanto, o perito diz que estas médias não têm “base científica” sendo apenas análises empíricas dos peritos.

Apelo a quem ainda não levou terceira dose

Há outro fator que também pode ser decisivo para se conseguir acalmar a vaga em final de junho, que é o alcance da vacinação. “É preciso perceber, por exemplo, se esta variante vai invadir muito a vacinação, isto é atingir com grande impacto os vacinados”, refere Henrique Oliveira, alertando que caso se verifique que sim o fim a onda pode alongar-se. Até porque, nota, “os festivais de verão podem levar a onda até agosto”.

Por outro lado, lembram os especialistas, a adesão à dose de reforço da vacina também irá pesar na equação e determinar o peso da doença no verão. "Em janeiro e fevereiro tiveram Covid-19 1,2 milhões de pessoas e muitas não tinham a 3ª. dose", lembra o epidemiologista Manuel Carmo Gomes, explicando que há ainda uma percentagem considerável da população que pode ser vacinada durante os próximos meses e até ao verão. 

Segundo o epidemiologista e membro da comissão de vacinação da Direção-Geral da Saúde, "entre os 30 e os 59 anos cerca de 1, 3 milhão de pessoas não recebeu ainda a dose de reforço". Entre estes estarão alguns que "aguardam que passem os quatro meses necessários para que possam ser inoculados, outros que não a levaram por desleixo e outros ainda porque não quiseram", afirma, lembrando que é esta toma da vacina é essencial para proteger as pessoas.

Já entre os 20 e os 29 anos, há 570 mil pessoas que ainda não foram vacinadas com a terceira dose. 

Mas se todos são unânimes no facto de os dados apontarem para um julho mais tranquilo, também concordam que as próximas semanas vão ser difíceis. "Vão aumentar os casos, os internamentos e os óbitos", alerta Henrique Oliveira. Segundo o investigador - que nos últimos anos elaborou relatórios sobre a Covid-19 que enviou sempre ao Presidente da República – dentro de pouco tempo irão morrer todos os dias 38 pessoas por Covid-19. "Mais do que morrem todos os dias por todas as doenças respiratórias que vitimam 35 portugueses diariamente".

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