O que se sabe sobre a XBB.1.5, a nova subvariante da covid-19 que se está a espalhar rapidamente e já chegou a Portugal - TVI

O que se sabe sobre a XBB.1.5, a nova subvariante da covid-19 que se está a espalhar rapidamente e já chegou a Portugal

Esta é já considerada "a subvariante mais transmissível detetada até agora", segundo a Organização Mundial da Saúde

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Há uma nova sublinhagem da covid-19 que se está a propagar em todo o mundo, depois de ter feito disparar o número de infeções nos EUA no final do ano. Chama-se XBB.1.5. e é já considerada “a subvariante mais transmissível detetada até agora", segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS). Mas onde surgiu? É mais perigosa? Resumimos tudo o que já se sabe sobre a XBB.1.5.

Que estirpe é esta?

Trata-se de uma subvariante da linhagem XBB, que advém da variante Ómicron. Ou seja, a XBB.1.5 evoluiu da sublinhagem XBB da Ómicron, sendo esta última uma fusão de duas variantes BA.2 diferentes: a BA.2.75 e a BA.2.10.1. 

Ryan Gregory, professor de biologia da Universidade de Guelph, no Canadá, tomou a iniciativa de apelidar esta nova subvariante de "Kraken", em referência ao monstro marinho mitológico com 100 tentáculos que ameaça navios. Até agora, as estirpes foram sempre designadas por especialistas da OMS, que decidiram nomeá-las com letras gregas, o que por vezes as torna imperceptíveis ao público em geral. Gregory procurou resolver essa lacuna atribuindo nomes que as pessoas facilmente conseguem identificar e que ilustram de melhor forma a evolução da Ómicron.

Como surgiu?

A XBB.1.5 foi detetada em 22 de outubro do ano passado em Nova Iorque, nos Estados Unidos, e, desde então, tem estado a propagar-se rapidamente, como indica o Centro Europeu de Prevenção e Controlo de Doenças (ECDC, na sigla a inglês). Propagou-se de tal forma que, no final de dezembro, era já a variante dominante nos EUA, responsável por cerca de 41% do total de infeções registadas.

Entretanto, espalhou-se um pouco por todo o mundo, tendo sido já detetada em 29 países, incluindo Portugal. Aliás, no passado dia 27 de dezembro, num relatório sobre diversidade genética do SARS-CoV-2, o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) já referia a deteção de "29 sequências da sublinhagem recombinante XBB". Mais tarde, o investigador do INSA João Paulo Gomes adiantou à agência Lusa que das "dezenas de casos" detetados em Portugal, apenas um fora classificado como sendo da sublinhagem XBB.1.5. 

O mais recente relatório do INSA foi divulgado esta terça-feira, 10 de janeiro - relativo ao período entre 26 de dezembro e 6 de janeiro - e revela que foram detetadas em Portugal 36 sequências da sublinhagem XBB, o que corresponderá a 36 casos, mais sete do que no relatório anterior. Sobre a XBB.1.5, o documento realça que, desde o caso detetado na semana 49 do ano passado (que começou a 5 de dezembro) não foi sequenciada qualquer outra amostra do vírus, pelo que Portugal mantém apenas um caso desta subvariante que parece ser muito mais transmissível.

É mais transmíssivel?

Tudo indica que sim. Aliás, a líder técnica da OMS na resposta à covid-19, Maria van Kerkhove, salienta mesmo que a XBB.1.5 "é a subvariante mais transmissível detetada até agora".

O mesmo referiu à CNN Portugal o presidente da Associação Nacional de Médicos de Saúde Pública (ANMSP), Gustavo Tato Borges: "É uma variante mais infecciosa, além de que consegue fugir à deteção pelo nosso sistema imunitário, e, portanto, vai infetar praticamente toda a gente com quem tiver contacto."

Ainda esta terça-feira, num briefing à comunicação social sobre a situação epidemiológica da covid-19 na Europa, os responsáveis da OMS adiantaram que a incidência da XBB.1.5 está aumentar gradualmente na União Europeia e garantem estar a trabalhar no "potencial impacto" desta subvariante no continente europeu.

É mais perigosa?

A OMS ainda está a avaliar o risco da XBB.1.5, nomeadamente o motivo que a leva a ser tão transmissível, estando em cima da mesa a hipótese de "fuga ao sistema imunitário", como aponta Tato Borges.

Para já, porém, não há evidências de que esta sublinhagem cause doença mais grave do que as restantes variantes da Ómicron. Ainda assim, tem "uma característica muito particular", indica o especialista, explicando de seguida: "Ela liga-se muito mais facilmente e de uma forma mais forte às nossas células, pelo que deverá dar um quadro sintomático - a quem tiver sintomas - mais duradouro no tempo do que as outras variantes."

Apesar disso, acrescenta, os sintomas mantêm-se iguais aos das variantes anteriores, nomeadamente a congestão nasal, tosse e febre.

A grande preocupação assenta mesmo nos grupos mais vulneráveis, uma vez que, ao ser mais transmissível, é mais provável que os idosos ou imunodeprimidos possam ser infetados, e aí sim podem surgir complicações mais graves associadas à covid-19, explica Tato Borges: "Os mais vulneráveis poderão desenvolver doença mais grave, isto se atingir acima de tudo a região respiratória inferior, ou seja, os pulmões, onde pode desenvolver uma pneumonia."

Já foram aplicadas medidas para evitar a propagação da XBB.1.5.?

No briefing, e tendo em conta "a rápida propagação" desta subvariante nos EUA, os especialistas da OMS recomendam a implementação de medidas nas viagens de forma "não discriminatória".

A diretora de emergência da OMS na Europa, Catherine Smallwood, ressalva que isto não significa a recomendação de um teste à covid-19 aos passageiros oriundos dos EUA, apelando aos países para que "analisem a base científica" desta medida que tem sido implementada para os passageiros provenientes da China desde que o país pôs fim à chamada "covid zero".

Neste sentido, a responsável recomenda que os passageiros utilizem máscaras de proteção em "cenários de alto risco", nomeadamente em voos de grande escala. "Isto deve ser recomendado a todos os passageiros que cheguem de qualquer parte do mundo onde haja uma elevada transmissão da covid-19", defende.

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